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02/03/2011 - 11h38

ONU pede transparência na luta contra corrupção de traficantes

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DA EFE, EM VIENA

Os narcotraficantes fazem uso estratégico da corrupção e da violência para conseguir seus objetivos criminosos, advertiu nesta quarta-feira o órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) que fiscaliza o cumprimento dos tratados sobre drogas e que exige mais transparência e proteção aos funcionários públicos.

"Não há nada mais prejudicial aos esforços por frear o narcotráfico do que as tentativas das organizações criminosas de intimidar e subornar os funcionários públicos", afirmou em entrevista coletiva o presidente da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), Hamid Ghodse.

O desemprego, a pobreza e a exclusão social são terreno fértil para o dinheiro dos traficantes e quando essa possibilidade não funciona, semeiam o terror para impor seus interesses, inclusive dentro do aparelho do Estado.

"Nas regiões onde há uma forte presença do narcotráfico, há um alto grau de corrupção. A droga leva a mais corrupção e a corrupção, a mais narcotráfico", explicou Ghodse.

Os funcionários públicos "sem uma proteção adequada, são alvos da violência, e possivelmente podem até perder a vida, ou sacrificar sua integridade e serem cúmplices dos delinquentes", acrescentou.

A menos que se rompa o círculo vicioso da corrupção e do narcotráfico, a luta contra as drogas nunca dará bons resultados, defendem os especialistas da ONU em seu relatório anual de 2010.

A transparência judicial, assim como uma boa seleção e rotação do pessoal em cargos considerados fundamentais, são algumas das medidas solicitadas pela Jife, embora não tenha citado nenhum país em suas recomendações.

O relatório destaca que na América Latina foram plantados 158 mil hectares de coca em 2009, 5% a menos do que no ano anterior, sendo a Colômbia o país com maior cultivo, embora seja possível que o Peru a supere já em 2011, caso se mantenha a atual tendência.

Segundo a ONU, os principais mercados da cocaína estão na América do Norte (41%), Europa (29%) e no Cone Sul (entre 10 e 20%).

"Embora o mercado da coca tenha se reduzido na América do Norte, ele continua aumentando na Europa", afirma a Jife, que alerta que no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai o consumo também está aumentando de forma notável.

A cocaína continua sendo a droga que mais dinheiro movimenta, cerca de US$ 72 bilhões por ano, e deixa um rastro de morte e destruição pela América Central e México, regiões de passagem rumo aos EUA, o primeiro mercado mundial com 4,8 milhões de consumidores.

"As organizações de traficantes do México fortaleceram sua posição como fornecedoras de drogas ilícitas ao mercado dos Estados Unidos, enquanto a influência das organizações criminosas colombianas diminuiu", explica a Jife.

A cocaína é a segunda droga mais consumida na Europa depois da maconha, e o número de usuários dobrou no continente ao passar de dois milhões de consumidores em 1998 para 4,1 milhões em 2008.

A produção mundial de cocaína é calculada em 865 toneladas, das quais cerca de 360 foram confiscadas em 2009, o que significa que por volta de 500 toneladas chegaram ao mercado ilegal.

Entre as novidades utilizadas pelos traficantes para fazerem sua mercadoria chegar aos consumidores dos EUA, destaca-se a utilização cada vez mais frequente de embarcações semi-submersíveis e submarinos de alta tecnologia.

Assim, enquanto entre 1993 e 2007 foram interceptadas 19 destas embarcações, apenas entre 2008 e 2009 foram confiscadas 34, incluindo um submarino capaz de transportar 14 toneladas de cocaína.

No caso da heroína, que gera aproximadamente US$ 55 bilhões anuais, a Europa é o principal consumidor mundial, com a metade da demanda do opiáceo, sendo a Rússia o país mais afetado, com até 1,8 milhões de consumidores, o que equivale a 1,6% da população de 15 a 64 anos de idade.

O Afeganistão continua sendo o maior produtor mundial de ópio e uma parte da renda gerada por seu cultivo acaba em mãos da milícia fundamentalista Taleban.

 

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