Publicidade
Publicidade
Hollywood fugiu do 11 de setembro
Publicidade
DA FRANCE PRESSE, EM LOS ANGELES
Os atentados de 11 de setembro foram pouco explorados por Hollywood, que preferiu se afastar do trauma e e se virar como nunca para o entretenimento, em vez de gerar a rica filmografia como a que se seguiu após a Segunda Guerra Mundial ou a Guerra do Vietnã.
Em dez anos, apenas dois estúdios de Hollywood produziram filmes diretamente inspirados nos atentados: o Universal, com "Voo 93" (2006), e o Paramount, com "World Trade Center", de Oliver Stone (2006).
No entanto, Hollywood reagiu de outra forma a este tema durante os meses que se seguiram ao ataque.
"Havia um enorme interesse pelo 11 de setembro e suas consequências", afirmou à France Presse Bonnie Curtis, que produziu para Steven Spielberg "O resgate do Soldado Ryan" e "A.I. - Inteligência Artificial", antes de se dedicar ao cinema independente.
"Muita gente começou a trabalhar em um material (dramático) que nem sequer teria existido se não fosse pelo acontecimento em si", acrescentou. Assim, durante um tempo, "circularam muitos projetos sobre o 11 de setembro" de 2001.
Mas começaram a surgir muitas dúvidas sobre eles, se era muito cedo para fazer um filme sobre o ocorrido ou se o público teria algum interesse em vê-lo, comentou Bonnie Curtis. A resposta chegou na estreia de "Voo 93" e "World Trade Center": ambos fracassaram nas bilheterias.
O primeiro arrecadou US$ 74 milhões em todo o mundo e o segundo, US$ 161 milhões. São números medíocres para Hollywood.
"Para os diretores dos estúdios, isto foi um sinal de que era preciso reconsiderar o tema", observou Jason E. Squire, professor da Escola de Artes Cinematográficas da Califórnia do Sul, em Los Angeles.
De acordo com Bonnie Curtis, ficou claro que o público não tinha vontade de ir ao cinema e ver aquilo. "E Hollywood é uma indústria: então após o entusiasmo inicial e alguns filmes sobre o tema, ninguém teve a aprovação para realizar este tipo de projetos".
SUPER-HERÓIS
"O dia 11 de setembro foi traumático. Eu estava traumatizado, como a maioria de nós. Não queríamos voltar a vê-lo", explicou Don Hahn, produtor dos estúdios Disney. "Preferimos nos divertir com filmes que nos fizessem esquecer de tudo aquilo".
"Talvez por isso estamos vendo tantos filmes de super-heróis, tantos Capitão América, Homem de Ferro, porque estes personagens podem derrotar os homens maus", disse Hahn, que produziu "O Rei Leão" e atualmente trabalha em "Frankenweenie", de Tim Burton.
Para Squire, não há nenhuma dúvida disso. "O dia 11 de setembro pôs em evidência a importância do entretenimento na sociedade como meio de evasão".
No entanto, Richard Walter, roteirista e professor da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), discorda desta visão: "Dizer que os filmes hollywoodianos permitem escapar é como dizer que o presidente Barack Obama é democrata. Não tem nada de novo".
Segundo Walter, o mundo do cinema foi tão afetado pelos atentados quanto o resto do mundo, mas "Hollywood está fazendo o que sempre fez e não mudou em nada a forma como faz filmes".
Bonnie Curtis assinalou, por sua vez, um maior apetite após o 11 de setembro pelos filmes leves. "Houve um grupo de cineastas em Hollywood que pensou que a única coisa que o público queria era fugir na fantasia, nos efeitos especiais e nos super-heróis", disse.
Isto não impediu que alguns cineastas quisessem se aprofundar na tragédia e mostrar os efeitos que ela teve no país e no planeta, como ilustra a quantidade de filmes inspirados nas guerras do Iraque e Afeganistão, assim como "Guerra ao Terror", de Kathryn Bigelow, que ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2010.
Don Hahn quer acreditar, por sua vez, que os atentados levaram Hollywood a ser menos caricatural e mais aberto. "Uma das coisas negativas do 11 de setembro é que muitos de nós voltamos mais desconfiados e muito zelosos de nossa cultura. Espero que em dez anos tenhamos nos tornado mais tolerantes".
+ Canais
- Acompanhe o blog Pelo Mundo
- Acompanhe a Folha Mundo no Twitter
- Acompanhe a Folha no Twitter
- Conheça a página da Folha no Facebook
+ Notícias sobre o 11/9
- Cobertura de guerra ficou mais fácil, e mais perigosa desde 11/09
- Livro infantil sobre ataques de 11/09 irrita muçulmanos nos EUA
- "Eu me preocupava que a guerra podia se desenrolar pelo mundo", lembra Suplicy
- EUA lançaram guerra contra Al Qaeda após ataques; saiba mais
- Líder dos atentados de 11 de Setembro estudou aviação nos EUA
- 'Não acho que 11 de Setembro mudou o mundo radicalmente', diz Rubens Paiva
- Teorias da conspiração ainda desafiam a história oficial do 11/9
+ Livraria
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice