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Lula critica europeus por subordinarem ações econômicas à política
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VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a fazer críticas aos líderes europeus por não tomarem as medidas necessárias para resolver a crise econômica mundial.
Em seminário promovido pela revista "The Economist", em Londres, Lula disse que "não é bom tomar decisões econômicas de olho em pesquisas eleitorais".
Era uma crítica principalmente à chanceler alemã, Angela Merkel, que tem perdido popularidade interna e resiste a aprovar medidas para ajudar países endividados da zona do Euro, como Grécia e Itália.
"Quanto custaria para a Europa ter resolvido o problema da Grécia há dois anos? E olha o que a crise lá está causando para o mundo", disse o ex-presidente.
A Grécia já acertou dois empréstimos com o Banco Central Europeu e o FMI (Fundo Monetário Internacional), mas continua com dificuldades para honrar suas dívidas, que já ultrapassam 140% do seu PIB (Produto Interno Bruto).
O mercado já dá como certo um calote grego e tem exigido juros cada vez mais altos para comprar os títulos do país.
"Muitos dirigentes hoje não têm experiências com crises. Crises se resolvem com medidas políticas, não econômicas", afirmou Lula, num discurso que durou 38 minutos.
O ex-presidente brasileiro sugeriu uma saída óbvia para a estagnação econômica: o aumento do consumo mundial.
Para ele, a Europa e os Estados Unidos deveriam financiar o aumento do mercado consumidor em países como China, Índia e africanos para que essas pessoas comprassem produtos do chamado Primeiro Mundo.
Lula deu também uma sugestão para os Estados Unidos. Disse que, em vez de ficar dando dinheiro para salvar os bancos, o governo deveria arrumar um jeito de reduzir a dívida dos mutuários, para que eles voltassem a consumir e a movimentar a economia.
PROTECIONISMO E IPI BRASILEIRO
Durante seu discurso, Lula afirmou que o mundo precisa agir globalmente e que não é hora de medidas protecionistas.
Mas em entrevista na saída não quis criticar o Brasil, que elevou o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de carros importados --medida que desagradou à China, país que ameaça fazer uma reclamação formal na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Segundo Lula, havia um desbalanço no comercio bilateral entre os dois países que precisava ser resolvido.
Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio Indústria Brasil-China, que também estava no seminário da "Economist", não concorda.
Segundo ele, o Brasil perderá US$ 2 bilhões de investimentos por causa de medidas como essa.
"O Brasil está protegendo os velhos estrangeiros (montadoras americanas e europeias) e prejudicando os novos. Os velhos continuam a produzir carroças que são vendidas para o pobre povo brasileiro", afirmou Tang.
Em sua edição de hoje, a Folha publica que a presidente Dilma Rousseff mandou sua equipe estudar um regime diferenciado para montadoras estrangeiras que instalarem fábricas no país. Isso ajudaria chinesas como a JAC Motors.
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