Jovens dedicam-se à cerâmica artesanal e produzem peças cheias de estilo

Na contramão de um mundo cada vez mais cibernético, Sofia Oliveira, 28, trocou o computador da agência de publicidade em que trabalhava por um torno, um forno e muitos quilos de argila. Foi colocando a mão na massa, literalmente, criando uma xícara um tanto torta e logo um pote meio desproporcional, que ela encontrou sua verdadeira vocação: a cerâmica.

Quando o interesse pela arte surgiu, em 2013, Sofia não imaginava que dois anos mais tarde viveria dela. Depois de um curso com a ceramista Sara Carone e uma especialização em torno, em Paris, fundou a Olive Cerâmica e hoje dedica-se à produção de utilitários —faz em média 25 peças por dia, de forma artesanal, em seu ateliê em Pinheiros, na zona oeste paulistana. O computador agora serve apenas para ajudá-la no marketing e nas vendas dos produtos.

A procura tem sido grande o suficiente para muitas vezes zerar o estoque. "Acho que as pessoas cansaram de comprar produtos que não sabem como são feitos. O artesanal cobre essa lacuna", explica Sofia, que além de ter um e-commerce, vende canecas, vasos e cumbucas em lojas como a Collector, em São Paulo, a Pluri, no Rio, e a parisiense Nous.

Pétala Lopes/Folhapress
A ceramista Sofia que resolveu empreender fazendo peças em ateliê compartilhado em Pinheiros. (Foto Pétala Lopes/ Coletivo Amapoa)
A ceramista Sofia, que resolveu empreender fazendo peças em um ateliê compartilhado em Pinheiros

Ela também divulga sua marca em feiras. Sua primeira participação foi em 2014, na Pantasma. "Fui morrendo de vergonha. Não tinha logomarca nem sacolas, estava despreparada. Mas o resultado surpreendeu e me deu fôlego para ir em frente", conta ela, que participou, desde junho, do Jardim Secreto e da Fêra Féra, feiras que dão espaço a pequenos produtores e artistas que trabalham de forma artesanal.

Assim como Sofia, Fernanda Giaccio, 28, outra empreendedora da cerâmica, também utiliza as feiras para promover sua marca, a Noni SP. Ainda que isso seja penoso para ela: "É uma 'sofrência'. Não sei vender, meu negócio é fazer". Mas a paulista paradoxalmente ergueu sua empresa sozinha, em 2014, e fez dela seu ganha-pão.

Instalada num ateliê na Pompeia, ela produz por mês 250 peças, como canecas, copos, xícaras, pratos, bules e leiteiras, cujos preços vão de R$ 79 a R$ 269 em sua loja on-line e em outras físicas, como Takkø Café (antigo Beluga), Galeria Nacional e UMA, todas na capital paulista. Seu ateliê também é usado como sala de aula: Fernanda ensina a iniciantes o que aprendeu ao longo de seis anos em estágios e cursos.

Na hora de criar, suas referências vêm do design —é formada em desenho industrial— e do material com que trabalha. "Desenho todas as peças, não faço nada sem pensar. Elas estão ligadas, têm uma lógica."

INFLUÊNCIAS

A ponte com a área de formação também aparece nas criações de Renata Miwa, 28, designer gráfica que se apaixonou pela cerâmica por poder ser um suporte às suas ilustrações. "Amo ilustração e acho o máximo quando são aplicadas em superfícies diferentes", afirma ela.

Pétala Lopes/Folhapress
SP, São Paulo, Brasil. 24 de Maio de 2017. Retrato da ceramista Fernanda, que resolveu empreender fazendo suas peças em um ateliê compartilhado na Pompeia. (Foto Pétala Lopes/ Coletivo Amapoa)
A ceramista Fernanda ensina a iniciantes o que aprendeu ao longo de seis anos em estágios e cursos.

Seus potinhos "imperfeitos" são feitos à mão —ela utiliza torno manual só para dar o acabamento. Atualmente, divide-se entre o emprego como designer e a produção das peças, feitas em casa. "O que curto na cerâmica é o processo analógico. Colocar a mão na massa, não depender da internet."

A característica analógica levou ainda a paulistana Danielle Yukari, 27, a deixar a carreira de estilista —é formada em desenho de moda e trabalhou três anos em uma marca feminina— para investir fortemente na produção de utilitários e objetos de cerâmica.

"Comecei como hobbie, mas acabei me encantando pelo processo e pela conversa existente entre a argila e a mão que a toca", diz ela, que já desenvolveu séries de produtos para o café da galeria WARM, o Studio Lorena Hair & Spa e o showroom da marca de tecidos TexPrima.

Suas peças podem ser encontradas na loja Heloisa Faria, na Vila Madalena, e também na Galeria Nacional, em Pinheiros, ambas na zona oeste paulistana.

Morando em Los Angeles desde janeiro, a artista se inspira nas mudanças de sua vida na hora de criar. "Também acho que a moda, a fotografia, o cinema e a música têm grande influência em meu olhar."

Já a natureza é a principal fonte de inspiração da arquiteta Nathália Fávaro, 35, que mergulhou no mundo da cerâmica em 2013, quando fez um curso no Sesc Pompeia e se sentiu atraída pela chance de fazer um produto do início ao fim. "Na arquitetura eu não consigo participar de todo o processo. Aqui, sim. A peça acontece ao longo do caminho."

O universo bucólico se faz presente em seus delicados itens decorativos e esculturas, à venda no site Boobam. Ela produz no mesmo espaço onde funciona seu escritório Vitrô Arquitetura. "Às vezes, respondo um e-mail enquanto finalizo uma peça."

A fim de ampliar o espaço da cerâmica em sua rotina, ela faz uma residência artística na Holanda, até outubro. Na volta, pretende expor a produção e, quem sabe, transformar a cerâmica em seu negócio principal.

*

ONDE ENCONTRÁ-LAS

Olive Cerâmica
oliveceramica.com.br
Instagram: @oliveceramica

-

Noni SP
nonisaopaulo.com
Instagram: @noni.saopaulo

-

Renata Miwa
renatamiwa.com
Instagram: @renatamiwa

-

Danielle Yukari
danielleyukari.com
Instagram: @danielle.yukari

-

Nathália Fávaro
boobam.com.br/loja/nathalia-favaro
Instagram: @nfavaro

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