Digita, apaga, olha o dicionário, encontra um sinônimo, deleta tudo, revisa, muda frases de lugar. Prepara o fermento, mistura a farinha, coloca água, ajusta o sal, descansa, leva ao forno, não cresce, começa novamente. Tenta de novo e mais uma vez.
À primeira vista pode não parecer, mas há muito em comum entre escrever e fazer um pão. As duas tarefas, repetitivas e minuciosas, exigem persistência e paciência.
Hanny Guimarães, 34, que o diga. Jornalista, ela deixou as palavras de lado para, literalmente, colocar as mãos na massa.
Há dois anos, após inúmeros testes frustrados, seus pães fermentados naturalmente começaram a vingar. Sem conseguir comer tudo, Hanny passou a distribuí-los entre os amigos, que, pouco depois, se recusaram a aceitá-los de graça —de tão bons.
Assim, foi vendendo para os mais chegados e, no boca a boca, a fama correu até o HM Food Café e o King of the Fork. Hoje, os estabelecimentos usam os produtos da padeira para preparar tostadas.
Ela também criou uma padaria virtual, a Starter, na qual oferece semanalmente dois tipos de pão: um do campo (R$ 20) e outro especial (R$ 25), que varia conforme sua inspiração —já apareceram por lá o de azeitonas e o de frutas secas. Todos saem do forno de pizza improvisado na cozinha do apartamento que Hanny divide com o marido.
Toda semana são encomendadas quase 70 unidades. Oblongo, tem a casca crocante em cor caramelo e cheiro de casa de vó. O miolo é repleto de bolotas e o gosto, levemente azedinho. Hum. Croc-croc.
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Hanny Guimarães. starter.hannyguimaraes.com