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Impasses italianos

Parlamento deve ser ainda mais fragmentado na eleição deste domingo

Parlamento deve ser ainda mais fragmentado na eleição deste domingo

O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi (à esq.) e o líder da Liga, Matteo Salvini (à dir.)
O ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi, à esquerda, e Matteo Salvini, líder da Liga - Alberto Pizzoli/AFP

Há quase cinco anos os governos de centro-esquerda da Itália são sustentados por uma espécie de grande coalizão —alianças com partidos de centro-direita, dissidências do berlusconismo.

Na eleição deste domingo (4), é provável que o Parlamento seja ainda mais fragmentado, com disposição menor das legendas para compor um gabinete estável. 

O país precisa, entretanto, de um governo mais duradouro, capaz de fazer reformas que reavivem sua economia. 

O PIB italiano fechou 2017 ainda cerca de 6% abaixo do patamar de dez anos atrás, antes do agravamento da crise global. O desempenho econômico se mantém entre os mais frágeis na zona do euro.

Sua dívida pública, equivalente a 133% do Produto Interno Bruto, é a segunda mais alta da região, atrás apenas da grega. A estagnação e a inadimplência maciça ameaçam a saúde dos bancos.

Ademais, o país mostra divisão acirrada a respeito de imigrantes e refugiados, que chegaram em grande número desde 2015.

Além da incerteza decorrente da fragmentação política, há a dúvida provocada pela estreia de um novo sistema eleitoral, o terceiro em uma década e meia. Pouco menos de um terço dos parlamentares será escolhido de modo distrital, e o restante, pelo voto proporcional.

As pesquisas dão a liderança, com algo em torno de 37% dos votos, à aliança de direita liderada pela Força Itália, de Silvio Berlusconi (que está inelegível), e pela Liga, de Matteo Salvini.

Em segundo lugar, com cerca de 28%, vem o partido que diz rejeitar o sistema, o Movimento 5 Estrelas, fundado pelo comediante Beppe Grillo e ora liderado por Luigi di Maio, de apenas 31 anos. Um pouco abaixo nas sondagens surge o Partido Democrático de Matteo Renzi, premiê de 2014 a 2016.

Renzi, pró-europeu, comandou uma versão de governo da “terceira via”, combinação de Estado de Bem-Estar social com reformas liberalizantes —programa que provocou dissidências à esquerda em seu partido, que se enfraqueceu.

Seus adversários à direita querem o país mais longe da União Europeia, criticam políticas de austeridade orçamentária e advogam o protecionismo comercial.

Não são desprezíveis, pois, os riscos de impasse político e prolongamento da agonia econômica vivida pelos italianos.

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