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Intolerância

Diante da deterioração da Venezuela, Brasil precisa aprimorar o acolhimento de suas vítimas

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Venezuelanos dormem em acampamento improvisado na praça Simón Bolívar, em Boa Vista (RR)
Venezuelanos dormem em acampamento improvisado na praça Simón Bolívar, em Boa Vista (RR) - Edmar Barros/Futura Press/Folhapress

Causa apreensão o recente ataque xenófobo de uma turba furiosa a famílias de venezuelanos, em Roraima. Em reação a uma briga que deixou dois mortos, dezenas de moradores de Mucajaí, na região de Boa Vista, expulsaram imigrantes de um abrigo e atearam fogo nos seus poucos pertences.


Infelizmente, não se trata de caso isolado. Em fevereiro, foram incendiadas duas casas na capita, ocupadas por pessoas que fugiram do colapso do país vizinho. Cinco delas sofreram queimaduras, incluindo uma criança.


O fluxo crescente de expatriados lotou as cidades e sobrecarregou os serviços públicos do estado menos populoso do país.


Principal destino, Boa Vista abriga estimados 40 mil venezuelanos, que se somam a uma população de apenas 332 mil pessoas. Mesmo se o Brasil e a região vivessem um bom momento econômico, o que não é o caso, seria um contingente difícil de absorver. 


Depois de uma delonga injustificável, o governo federal finalmente começou a tomar providências. Na semana passada, houve a abertura de um abrigo para 800 pessoas gerido pelo Exército, o que aliviará em parte a lotação dos acampamentos improvisados.


A resposta, porém, ainda não está à altura do desafio. Mesmo que o plano de levar 530 imigrantes para os estados de São Paulo e do Amazonas se concretize, trata-se de um contingente ainda pequeno diante dos ingressos incessantes pela fronteira. 


Enquanto a gestão deixa a desejar, é positiva a recente medida administrativa que permite aos venezuelanos com residência temporária a optar pela permanência no Brasil. Assegura-se, assim, que continuem no país sem o risco de cair na ilegalidade.


Diante da contínua deterioração econômica e social do país caribenho, o poder público brasileiro precisa aprimorar o acolhimento de suas vítimas —e apaziguar a ansiedade da população roraimense diante de um fenômeno novo que demanda compaixão e paciência.

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