Privatizar aquilo que pode gerar receita aos cofres públicos para salvar áreas essenciais e deficitárias ainda gera mistificações.
A Folha publicou no domingo (25) texto em que colunista Elio Gaspari chamava a alienação do autódromo de Interlagos de “privataria”.
Ao equiparar privatização à pirataria, essa quase palavrão serve apenas para causar confundir, pouco informando os leitores do jornal.
O termo leva a crer que se trata de uma transação pirata, efetuada no mercado paralelo, sem qualidade. A realidade é totalmente diferente. Queremos fazer aquilo que a legislação exige, utilizando o caminho correto, transparente. Ao que parece, faltaram ao colunista informações mais detalhadas.
O eixo de seu texto é uma comparação do destino que se quer dar ao autódromo com aquele que teve o aterro do Flamengo, transformado em parque nos anos 1960. A ideia não se sustenta. O aterro foi uma área criada pelo poder público —não existia e, portanto, não gerava custos.
A situação do autódromo é bem diversa. Apesar de ser público, tem um uso misto, com destaque para o setor o privado, o que o diferencia muito da área carioca.
Não é um espaço que está parado, inerte. Os custos do equipamento para a Prefeitura de São Paulo atualmente chegam a R$ 55 milhões por ano. Gerir um autódromo não é —e nem deve ser— missão da administração pública.
Com a privatização do autódromo, vislumbramos um futuro muito mais democrático para sua área.
A pista de corrida deverá ser preservada, todavia o espaço também abrigará edifícios, inclusive para habitação de interesse social, parque de uso público e outros equipamentos. A meta é levar desenvolvimento para a região de Interlagos.
Trata-se, portanto, não apenas da venda de um ativo mas também da criação de uma área verde acessível ao público e da desoneração dos cofres da prefeitura, que poderá destinar mais recursos para saúde, educação, habitação, assistência social e outras áreas essenciais.
Além disso, o espaço poderá ser mais bem explorado pela iniciativa privada, a quem caberá a tarefa de apresentar uma série de contrapartidas para a prefeitura.
O texto do colunista leva a crer que já exista algo pronto e acabado. Não há. Estamos em uma fase inicial do processo de venda do ativo. Ainda é preciso autorização legislativa. Uma consulta pública foi lançada sobre o projeto de Intervenção Urbana Arco Jurubatuba, que inclui o autódromo de Interlagos.
Alguns parâmetros foram foram apresentados, porém ressaltamos que esse é um procedimento ainda em aberto —ou seja, ainda cabem modificações, alterações pertinentes aos interesses públicos. Não se trata, como insinuou o colunista, de uma iniciativa que avança sem projeto e sem ideia de um parque.
Estamos, agora, no momento em que a sociedade pode expor suas ideias a respeito da venda de Interlagos e de seu destino futuro. O processo será acompanhado também pelos órgãos de controle, garantindo lisura e transparência.
Tudo para que se possa dar a um ativo público um destino mais inteligente, viável, com benefícios para a cidade. Ao fim e ao cabo, a privatização de Interlagos será um exemplo para outras cidades, assim como os demais projetos do Plano Municipal de Desestatização.
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