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Bem longe da paz

Israelenses e palestinos não demonstram disposição genuína para buscar convivência

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Palestino se prepara para arremessar pedra em direção de soldados israelenses na faixa de Gaza
Palestino se prepara para arremessar pedra em direção de soldados israelenses na faixa de Gaza - Ibraheem Abu Mustafa/Reuters

Do extenso rol de entraves a distanciar israelenses de palestinos costumam sobressair, por exemplo, a soberania sobre Jerusalém e as colônias judaicas na Cisjordânia. Entretanto nenhum deles expõe de forma tão crua o fosso desse conflito como a faixa de Gaza.

Um protesto convocado na sexta (30) pela facção radical Hamas, que controla o diminuto território, terminou com 16 manifestantes mortos a tiros por militares de Israel ao se aproximarem da fronteira.

As Forças Armadas afirmaram que, dentre as vítimas, dez eram membros do Hamasconsiderado terrorista pelos israelenses e por vários países ocidentais— e representavam uma ameaça à população de vilarejos próximos.

Em que pese a necessidade de apurar as circunstâncias do confronto, cumpre dizer que nenhuma das partes demonstra disposição genuína para buscar um nível mínimo de convivência.

O obstáculo mais evidente reside no radicalismo do grupo no comando de Gaza, que não reconhece o direito de Israel existir —pior, não raro seus líderes pregam a destruição do Estado vizinho.

Ainda que se levem em conta restrições impostas pelas autoridades israelenses à entrada de produtos no território, a ineficiência e a corrupção do governo local explicam em boa medida o desemprego acima de 40% e as interrupções nos serviços de água e energia.

Posto tal cenário, o Hamas recorre com frequência ao expediente de incitar a população contra o inimigo externo para desviar o foco dos problemas internos. 

O círculo vicioso se completa quando o governo do outro lado atribui ao temor de ataques sua posição resistente, quando não desdenhosa, a buscar o diálogo.

Um ícone dessa retórica dentro do gabinete do premiê Binyamin Netanyahu é o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman. Ao rejeitar pedidos da comunidade internacional para abrir investigação interna sobre episódio na fronteira, disse que a manifestação palestina “não foi o festival de Woodstock”.

Por mais distante que se encontre esse cenário, a melhor solução para a questão israelo-palestina continua a ser a via de dois Estados soberanos —contanto, claro, que ambos aceitem coexistir.

editoriais@grupofolha.com.br

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