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Estados desunidos

Antes de começar,  8ª Cúpula das Américas mostra falta de sintonia entre governantes

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em evento com apoiadores em Caracas; país foi desconvidado da 8ª Cúpula das Américas após presidente anunciar a antecipação das eleições presidenciais
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em evento com apoiadores em Caracas; país foi desconvidado da 8ª Cúpula das Américas após presidente anunciar a antecipação das eleições presidenciais - Miraflores Palace/Handout/Reuters

Mesmo antes de começar, a 8ª Cúpula das Américas —que reúne 34 países da Organização dos Estados Americanos a partir desta sexta (13), em Lima— deixou transparecer a falta de sintonia entre a maioria dos governantes da região.

A celeuma pré-encontro se deu em torno da participação ou não da Venezuela, desconvidada após o ditador Nicolás Maduro anunciar a antecipação, agora para maio, das eleições presidenciais.

As 14 nações latino-americanas integrantes do Grupo de Lima, entre elas o Brasil, afirmam que não há condições para um pleito livre e justo, dados o cerceamento à oposição e o controle da Justiça e dos órgãos eleitorais pelo chavismo. Decerto não restam dúvidas da validade desse argumento.

No entanto também é sabido que a cúpula tem poucas chances de ir além dessa simbólica admoestação. Nem mesmo se garante que será incluída, no documento final da reunião, uma declaração de que a disputa eleitoral é ilegítima e que os vizinhos não reconhecerão seus resultados.

Isso porque, embora cada vez mais isolado em sua ruína, o regime chavista ainda conta com apoiadores, seja pela afinidade ideológica (a Bolívia de Evo Morales e a Nicarágua de Daniel Ortega) ou pela dependência de petróleo barato (pequenos países do Caribe).

Esse grupo costuma impedir a unanimidade na hora de tomar decisões contra Caracas, enfraquecendo a demanda por mudanças.

Some-se a isso o reduzido interesse, por motivos diversos, dos líderes das principais nações das Américas em se envolver na crise venezuelana. Brasil e Colômbia têm presidentes em fim de mandato, aparentemente sem disposição para se desgastar com o vizinho.

Os EUA, em tese com o maior poder de pressionar o ditador, pela primeira vez não serão representados por seu presidente. Donald Trump disse estar concentrado em coordenar uma resposta à Síria após o suposto ataque químico contra rebeldes.

A ausência do líder republicano —que até uma irrefletida intervenção militar na Venezuela já aventou— indica que a preocupação com as questões latinas não passa mesmo da fronteira com o México.

A cúpula, aliás, nasceu de articulação dos EUA, em 1994, para a Área de Livre Comércio das Américas, nunca implementada. Desde então, as divergências regionais sempre impediram tais encontros de ter algum caráter prático.

Lamenta-se, assim, que Maduro tivesse certa razão ao esnobar a reunião em Lima com a seguinte frase: “É uma perda de tempo”.

editoriais@grupofolha.com.br

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