Na trilha de Mário de Andrade (1893-1945), descobrimos nos últimos 20 anos novos "males do Brasil".
Encontram-se na parca intensidade de inovação tecnológica no setor industrial, que reforça a baixa produtividade da nossa economia.
Dentre as várias explicações para esses males, uma das facetas seria o desequilíbrio entre a nossa produção científica e a tecnológica.
Nos últimos cem anos, o governo federal e os estaduais tomaram iniciativas que levaram a contribuição científica anual brasileira a se equiparar à nossa participação econômica no PIB mundial: somos 3%.
Desconfortável é nossa participação no número anual de patentes, com uma contribuição dez vezes menor, que não pode ser creditada à morosidade nos registros.
Na maior parte do mundo, a produção científica é gerada em universidades, com forte subsídio público. A inovação tecnológica se dá principalmente nas empresas, pois são elas que enfrentam os desafios e os riscos de transformar ideias em processos e produtos.
Diz a lenda que falta ao empresariado brasileiro mais apetite ao risco de enfrentar esses desafios.
Uma hipótese atraente seria reduzir esse risco aproximando os empresários das instituições de ciência e tecnologia. Várias iniciativas foram criadas, da parte dos governos, para compartilhar o risco da inovação: o BNDES criou um fundo que subsidia a parceria entre empresas e instituições de pesquisa (Funtec).
Esse mesmo banco também fez empréstimo de porte à CNI (Confederação Nacional da Indústria), para viabilizar os institutos Senai de inovação. O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações viabilizou a Embrapii (Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), um mecanismo de fomento ágil e bem-sucedido, enquanto a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) fortaleceu seus programas de apoio a empresas (Pipe e Pite).
Graças às iniciativas de compartilhamento dos riscos da inovação, foi possível aumentar, de 11% em 2011 para 40% em 2017, a participação da receita do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) com projetos inovadores em parceria com empresas.
No âmbito paulista, a intenção de acelerar esse processo levou a uma importante ação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado em 2017: a alocação de R$ 120 milhões, provenientes do orçamento da Fapesp, para projetos dos institutos de pesquisa estaduais, criados justamente para fazer a ponte entre a ciência gerada nas universidades e as demandas da sociedade.
O IPT, instituto que tem 118 anos em contínua transformação, decidiu utilizar esse novo recurso para reforçar sua capacitação em tecnologias de transformação digital voltadas à manufatura avançada e às cidades inteligentes e sustentáveis, em parceria com universidades nacionais e estrangeiras.
O instituto selecionou projetos focados em aspectos tecnológicos, como a produção das matérias-primas para a impressão 3D; sistemas de gestão da saúde estrutural da infraestrutura dos municípios; e a combinação de big data analytics com ferramentas científicas para simulação virtual de fenômenos biológicos, físicos e químicos para a otimização de processos industriais.
Nossos pesquisadores apostam que essas tecnologias contribuirão para o aumento da produtividade de nossa economia.
Fernando Landgraf e Mario Boccalini: Pouca inovação e baixa produtividade, os males do Brasil são
Dentre as várias explicações para esses males, uma das facetas seria o desequilíbrio entre a nossa produção científica e a tecnológica
sua assinatura pode valer ainda mais
Você já conhece as vantagens de ser assinante da Folha? Além de ter acesso a reportagens e colunas, você conta com newsletters exclusivas (conheça aqui). Também pode baixar nosso aplicativo gratuito na Apple Store ou na Google Play para receber alertas das principais notícias do dia. A sua assinatura nos ajuda a fazer um jornalismo independente e de qualidade. Obrigado!
sua assinatura vale muito
Mais de 180 reportagens e análises publicadas a cada dia. Um time com mais de 200 colunistas e blogueiros. Um jornalismo profissional que fiscaliza o poder público, veicula notícias proveitosas e inspiradoras, faz contraponto à intolerância das redes sociais e traça uma linha clara entre verdade e mentira. Quanto custa ajudar a produzir esse conteúdo?
ASSINE POR R$ 1,90 NO 1º MÊS
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.