Descrição de chapéu
editoriais

Nossa língua

Padronização do português não contém variantes que nos unem e separam ao mesmo tempo

Sétimo idioma mais falado do mundo, o português é a língua oficial de nove países, que reúnem mais de 260 milhões de pessoas.

Língua românica, como o espanhol e o italiano, nasceu do latim, que chegou à Península Ibérica entre os séculos 3 e 2 a.C., com as tropas do Império Romano.

Monumento aos Descobrimentos na região do Belém. em Lisboa
Monumento aos Descobrimentos na região do Belém. em Lisboa - Lalo ALmeida/Folhapress

Nos séculos seguintes, em associações com influências pregressas e posteriores à derrocada de Roma, ganhou forma o galego-português, do qual brotou, por fim, a “última flor do Lácio, inculta e bela”, no famoso verso de Olavo Bilac.

A consolidação do idioma foi impulsionada pela criação do reino de Portugal, no século 12. Sua expansão foi fruto do empreendimento mercantil e colonial português, com as navegações que circundaram o mundo, cantadas em versos por Luís de Camões.

Com diferentes inflexões, expressões e sotaques moldados pela diversidade cultural e geográfica, a língua ampliou sonoridades, tons, ênfases e modulações.

Os vídeos do especial O Tamanho da Língua, publicado no site desta Folha, convidam a um passeio por essa fascinante multiplicidade. 

Como em outros idiomas, há esforços também no português de racionalizar a escrita e propor no plano ortográfico uma unidade que escapa na dinâmica da fala. Ao longo da história, conseguiu-se, de fato, simplificar grafias e abolir arcaísmos e adereços desnecessários. 

Apesar dessas tentativas, Brasil e Portugal sempre andaram em descompasso e jamais chegaram a uma padronização integral.

A mais recente investida foi o acordo assinado em 1990 entre países lusófonos. Implantadas no Brasil em 2009, as normas continuam alvo de resistência, ainda que contemplem certo número de duplas grafias em casos impostos por circunstâncias históricas e regionais.

Mesmo que se possa defender a adoção de critérios unificados para a escrita, a língua é um organismo vivo. Não há como conter —e tampouco seria desejável— o impulso de renovação e diferenciação inseparável do uso real do idioma, que, em suas variações, nos distancia e nos aproxima.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.