Descrição de chapéu

Riscos na janela

Economia mundial vai relativamente bem, mas parte das boas notícias implica temores

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Bolsa de Valores de Nova York; FMI menciona juros amigáveis no mundo rico e ampla disponibilidade de crédito como as principais razões para a boa perspectiva de curto prazo
Bolsa de Valores de Nova York; FMI menciona juros amigáveis no mundo rico e ampla disponibilidade de crédito como as principais razões para a boa perspectiva de curto prazo - Bryan R. Smith/AFP

A economia mundial vai relativamente bem, segundo as projeções mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI). Entretanto os riscos financeiros são crescentes e, guardadas as proporções, começam a se assemelhar aos que redundaram na enorme crise do fim da década passada.

Estima-se alta de 3,9% para o Produto Interno Bruto mundial em 2018 e 2019, um pouco acima (0,2 ponto percentual) do que se calculava em outubro.

De lá para cá, houve importante revisão nas expectativas para a expansão do PIB dos Estados Unidos neste ano (de 2,3% para 2,9%), em grande parte devido às medidas de cortes de impostos e aumento de gastos patrocinados pelo governo do republicano Donald Trump.

Os emergentes também mostram dinâmica positiva. A alta recente dos preços das matérias-primas e a retomada do comércio internacional, a despeito dos riscos de protecionismo, favorecem o crescimento desses países.

Juros amigáveis no mundo rico e ampla disponibilidade de crédito são mencionados pelo FMI como as principais razões para a boa perspectiva de curto prazo. Apenas os EUA estão subindo suas taxas por enquanto, mas em ritmo lento e ainda insuficiente para restringir consumo e investimentos.

Se as indicações do banco central americano se mantiverem, os juros devem chegar a 3% ao ano, nível mais próximo da normalidade, apenas em 2019-20. Na Europa, a taxa básica ainda é nula, e não se espera que suba neste ano.

Na média dos países ricos, apenas em 2021, ou ainda mais adiante, a política monetária deve retornar aos padrões usuais.

Uma parte das boas notícias, porém, implica riscos mais à frente. Como vem caindo a ociosidade nas empresas, e o desemprego, sobretudo nos EUA, se aproxima dos menores patamares da história, a alta do consumo pode provocar pressões inflacionárias —o que anteciparia uma elevação dos juros.

O ímpeto gastador de Trump, aliás, reforça tais temores.

Outro perigo se relaciona aos excessos financeiros. A abundância de dinheiro na praça levou às alturas os preços de ações e títulos de empresas e bancos. Enquanto isso, o endividamento agregado em todos os países equivale a 225% do PIB mundial, 12 pontos percentuais acima do que se observava antes da crise de 2009.

Em suma, a janela favorável da economia mundial continua aberta, o que dá alívio ao Brasil neste momento de incerteza política. Mas não se pode descartar a possibilidade de uma nova crise no próximo quadriênio, o que aumenta a urgência dos ajustes domésticos.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.