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Rogerio Fasano: O futebol tem que mudar

Uma única pessoa pode decidir o resultado de um jogo. Basta dar todos os lances no meio de campo como falta e, assim, o jogo não progride!

O empresário Rogerio Fasano, em evento em São Paulo em agosto de 2017
O empresário Rogerio Fasano, em evento em São Paulo em agosto de 2017 - Marcus Leoni - 23.ago.17/Folhapress

O futebol tem que mudar! Não dá mais para tanto trabalho ser decidido por um juiz que, certamente, recebeu informações de fora do campo.

No entanto, antes de falarmos da partida final do Campeonato Paulista entre Palmeiras e Corinthians, analisemos o que ocorreu em um jogo das quartas de final da Liga dos Campeões da Europa. 

A Juventus tinha uma missão impossível, tal qual tinha a Roma contra o Barcelona: vencer o Real Madrid por 3 a 0, em Madri, para levar à prorrogação. E estava conseguindo! Deixou o Real acuado quase o tempo todo. Após 94 minutos, segundos antes do fim da partida, o juiz marca um pênalti a favor dos donos da casa (sou um mico de circo se ele tivesse a mesma atitude caso o jogo fosse em Turim).

Muitas enquetes depois da partida mostraram que as opiniões se dividiam em relação à ocorrência ou não da falta, o que mostra que o lance foi polêmico. E Buffon, o goleiro da Juventus, pegaria aquela bola, pela proximidade que estava do atacante do Real.

Mas marcar o pênalti duvidoso não foi o pior de tudo —o escândalo maior foi expulsar o excepcional Buffon, capitão do time. Aí foi maquiavelismo total. Ou seja, caso o goleiro reserva defendesse a penalidade, o juiz sabia que ter 10 jogadores contra 11, numa prorrogação, é como uma facada nas costas!

 


O árbitro, naquele momento, decidiu quem passaria para a próxima fase. Foi uma das cenas mais tristes do futebol ver um atleta nunca antes expulso na Liga dos Campeões ser tratado daquela maneira.
Pergunto: quem, depois de uma jornada histórica na casa do adversário, aceitaria um pênalti duvidoso 15 segundos antes de o jogo acabar?

Tudo isso, mais esta patética lei do impedimento segundo a qual um jogador com o dedo minguinho à frente do defensor está impedido. O impedimento foi inventado para que não houvesse um jogo de várzea, só com chutões, mas deveria haver uma linha na intermediária do campo onde, a partir dali, tudo valesse!

Um cotovelo impedido é estúpido, e somos obrigados a ver um monte de placares 0 a 0, a antítese de um jogo —sem falar do autoritarismo dos árbitros, com seus ridículos gestuais.

O basquete e o vôlei mudaram, e o tênis vai ensaiar mudanças —até fiz um artigo nesta Folha sobre isso (20/3/2016). O impedimento também tem que mudar.

Agora, na próxima Copa do Mundo, teremos o uso do recurso eletrônico —tal qual, aparentemente, houve na decisão do Paulista, em que um sujeito saiu correndo do vestiário para falar com o quarto árbitro, que estava muito longe, e o juiz a dois metros! Patético! Ridículo!

Tenho dúvidas, porém, sobre a eficácia do árbitro de vídeo. Muito mais fácil e inteligente seria flexibilizar as regras...

Os três pontos no basquete mudaram o jogo; sugiro os cinco pontos para uma cesta feita antes da metade do campo!

O futebol é autoritário: uma única pessoa pode decidir o resultado de um jogo. Para isso não precisa nem sequer anular gols; basta dar todos os lances no meio de campo como falta e, assim, o jogo não progride! É muito sutil, e eles tudo podem. E sabem disso.

Perdi a vontade de assistir aos jogos por aqui. Fora a ausência dos melhores craques do mundo, temos partidas muito chatas, pouco ofensivas e, pior (para não fugirmos do tema central deste texto), com péssimas arbitragens! Por favor, federações, mudem isso. O futebol ainda é o melhor esporte do mundo. Não o estraguem, como já estão fazendo há muito tempo.

Rogerio Fasano

Empresário e torcedor do Palmeiras, é sócio do grupo Fasano

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