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A reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela foi legítima? SIM

Venezuelanos devem decidir seu futuro

A senadora Vanessa Grazziotin, ao lado dos senadores Lindbergh Farias e Roberto Requião, durante visita a Caracas em 2015
A senadora Vanessa Grazziotin, ao lado dos senadores Lindbergh Farias e Roberto Requião, durante visita a Caracas em 2015 - Federico Parra - 25.jun.15/AFP
Vanessa Grazziotin

Há quase duas décadas, setores da oposição interna na Venezuela, liderados pela elite empresarial, junto com os Estados Unidos, tentam derrubar, a qualquer custo, o governo popular que chegou ao poder naquele país com a eleição de Hugo Chávez em 1998.

O pano de fundo é que as oligarquias locais e os EUA perderam o domínio sobre quase 20% de todo o petróleo existente no mundo, localizado somente a quatro dias de navio das grandes refinarias americanas.

Os EUA nunca aceitaram governos populares na América Latina, muito menos com poder sobre uma riqueza tão estratégica que, a partir da década de 1990, passou a cumprir papel fundamental no combate às desigualdades socais e econômicas naquele país.

Por isso, lançaram mão de instrumentos de desestabilização que passam pela tentativa de golpe, pressão midiática até o desabastecimento da população com gêneros alimentícios. Nesse último caso, o boicote se dá por meio do locaute, prática de setores empresarias que agem por interesses próprios.

Nesses últimos dias, os brasileiros experimentaram os efeitos do que representa essa prática ao se depararem com uma grave crise de abastecimento de combustível, colocando sob ameaça diversos setores da economia. 

Diante do resultado das eleições venezuelanas, o governo ilegítimo de Michel Temer —que não foi eleito— questiona, de forma absurda, descabida e desrespeitosa, a reeleição de Nicolás Maduro à Presidência da Venezuela e ainda o fato de líderes oposicionistas não poderem concorrer por estarem presos, apesar de "serem inocentes".

Já, aqui, jamais fizeram qualquer questionamento diante da prisão sem provas de Lula.

Ao contrário da realidade brasileira, o governo de Maduro sai fortalecido do processo eleitoral. Os venezuelanos mandaram um recado claro de continuidade da aliança bolivariana que começou no governo Hugo Chávez (1999-2013) e se mantém com Maduro.

Malgrado o boicote das forças antidemocráticas, a reeleição de Maduro foi legítima. Com 68% dos votos, ele obteve uma expressiva vitória. Do total de 19 milhões de eleitores, mais de 8 milhões compareceram às urnas. Enquanto seu principal opositor, Henri Falcón, obteve 21% dos votos (1.927.174), o presidente alcançou uma vitória insofismável: 6.244.167 votos.

A abstenção de 54% está no limite da realidade regional. Em 2014, Juan Manuel Santos foi eleito na Colômbia com um índice de 52,03% de abstenção. No ano passado, os chilenos elegeram Sebastián Piñera em meio a uma abstenção de 50,98%.

A diferença é que na Venezuela houve um forte boicote eleitoral. A direita e a extrema direita tudo fizeram para impedir que a população exercesse o sagrado direito ao voto.

Ou seja, houve uma vitória incontestável e sem possibilidade de fraude, uma vez que os mecanismos de votação são avançados do ponto de vista tecnológico, inclusive superiores aos do Brasil.

Por fim, abominamos qualquer forma de boicote ou sanção estrangeira dos EUA e de outros países contra a Venezuela, assim como vem sendo feito contra Cuba. O futuro daquele país deve ser decidido pelos próprios venezuelanos.

Vanessa Grazziotin

Senadora pelo Amazonas (PC do B) desde 2011; ex-deputada federal (2003-2010)

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