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Água à vista

É cedo para soar alarmes, mas experiência da crise hídrica de 2014-15 recomenda austeridade

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Represa Atibainha, do sistema Cantareira, em Nazaré Paulista (SP)
Represa Atibainha, do sistema Cantareira, em Nazaré Paulista (SP) - Rivaldo Gomes/Folhapress

O nível dos reservatórios na Grande São Paulo se encontra em situação pior do que estava cinco anos atrás. Mesmo que ainda seja cedo para soar alarmes, a experiência da crise hídrica de 2014-15 recomenda austeridade no uso de água pelos habitantes da metrópole.

A dez dias do início do inverno, que no Sudeste brasileiro constitui a estação seca, o sistema Cantareira tem 45,6% de reservação. É o principal produtor da região, com 40% do volume tratado.

Em 2013, na mesma data (11 de junho), o Cantareira contava com 58,2% de sua capacidade.

Os outros dois sistemas mais importantes para o abastecimento da capital e entorno são o Alto Tietê e o Guarapiranga, que juntos produziram em maio pouco menos da metade da vazão distribuída. Pois eles também estão abaixo dos níveis de 2013, respectivamente com 58,4% ante 62,7% e 76,8% ante 84%.

Por certo mostra-se impossível predizer, com base apenas nesses números, se a maior metrópole brasileira está para se avizinhar de uma nova crise hídrica.

Não há previsão ainda sobre como será a estação chuvosa que chega com a primavera, em setembro, e entra pelo verão. Nem, muito menos, a possibilidade de que ela fique abaixo da média, como ocorreu em alguns meses de 2012 a 2015, o que contribuiu para que represas chegassem ao tempo de estiagem com níveis aquém do desejável.

Desde então, cabe assinalar, a Sabesp, estatal paulista do setor, tomou algumas providências para tornar mais confiável o abastecimento na região metropolitana.

Por um lado, acelerou projetos para aumentar a produção; de outro, interligou sistemas para poder transferir água de um ponto mais favorecido por chuvas a outros com escassez delas.

No primeiro caso, pôs em linha o sistema São Lourenço, que em maio produziu 1,58 metro cúbico por segundo, ou 2,6% da vazão distribuída pela empresa na região. No segundo, fez a conexão dos sistemas Rio Grande com Alto Tietê e Paraíba do Sul com Cantareira.

No que toca às perdas de água, contudo, não houve progresso significativo, só um pequeno avanço de 2016 (31,8% de desperdício) para 2017 (30,7%). São índices muito similares ao que se observava antes da crise hídrica (31,2% em 2013) e dentro da média nacional.

Compete à Sabesp trabalhar melhor para conter, no estado mais desenvolvido do país, tamanha ineficiência. Mas isso toma tempo; é importante que paulistanos e seus vizinhos cultivem hábitos de economia de que se mostraram capazes nos tempos de emergência. 

editoriais@grupofolha.com.br

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