Descrição de chapéu

O custo do medo

Embora contido por ora, nervosismo dos mercados já deixa sequelas na economia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

BC fez promessas de intervenções no mercado para assegurar proteção contra prejuízos decorrentes da escalada das cotações do dólar
BC fez promessas de intervenções no mercado para assegurar proteção contra prejuízos decorrentes da escalada das cotações do dólar - Gabriel Cabral/Folhapress

A sexta-feira (8) se encerrou com indícios de que o Banco Central e o Tesouro Nacional haviam controlado, por ora ao menos, a ameaça de pânico nos meios financeiros.

O primeiro fez promessas de intervenções maciças no mercado para assegurar proteção contra prejuízos decorrentes da escalada das cotações do dólar. O segundo recomprou títulos da dívida pública que se desvalorizaram com a elevação dos juros dos últimos dias.

Estancou-se, dessa maneira, a sequência de perdas que acentuavam as tensões dos investidores e levavam a novos solavancos dos ativos, num círculo vicioso. Mas o saldo da turbulência é, sem dúvida, negativo —e nada indica que seus efeitos estejam esgotados.

A moeda americana chegou a ser negociada a R$ 3,96 no auge do tumulto de quinta (7). No dia seguinte, a cotação média caiu a R$ 3,79, e a de fechamento, a R$ 3,71.

Os juros de mercado recuaram nas últimas horas, mas o custo do financiamento, em especial o de prazos mais longos, já subiu de patamar de modo significativo. Trata-se das taxas que balizam decisões de investimento das empresas.

Os exageros nos negócios financeiros têm origem na queda da confiança no panorama econômico do país —e, ao mesmo tempo, tendem a agravar o pessimismo e dificultar a retomada da atividade.

Há, decerto, fatores palpáveis a explicar, em parte, os movimentos dos mercados. No plano internacional, as perspectivas de elevação do Produto Interno Bruto e dos juros nos Estados Unidos levam à alta do dólar em todo o mundo.

No Brasil vive-se tensão adicional devido à extrema fragilidade das contas públicas, à qual se somam as incertezas do cenário eleitoral e a indefinição da agenda de governo a partir de 2019.

Fica claro agora como a coalizão situacionista foi imprudente ao abandonar, no início do ano, a votação da reforma da Previdência, fiando-se, ao que parece, num cenário externo favorável que se modificou rapidamente.

O país, felizmente, dispõe de instrumentos para evitar uma crise mais grave —em particular, as reservas de US$ 380 bilhões em poder do Banco Central. A inflação tende a subir com a desvalorização cambial, mas se encontra em patamar confortável.

O quadro, porém, demanda cautela extrema. Não podemos nos dar ao luxo, sobretudo, de manifestações de irresponsabilidade e desgoverno como as que se viram na paralisação dos caminhoneiros.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.