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Fernando Gallo

Fernando Gallo: Combate às automações indevidas no Twitter

Não há indício de robôs em seguidores de presidenciáveis

Símbolo do Twitter é visto em sede da companhia em São Francisco (EUA)
Símbolo do Twitter é visto em sede da companhia em São Francisco (EUA) - Josh Edelson - 4.nov.16/AFP

"O mundo todo está no Twitter!", diz o recém-divulgado Twiplomacy 2018, um dos mais completos estudos sobre a presença de governos e líderes mundiais em redes digitais, indicando que 97% dos países-membros da ONU têm conta no serviço.

O Twitter é o lugar em que o debate público acontece e onde pessoas podem acompanhar e comentar, para além de seus círculos sociais, assuntos de seu interesse. Nosso propósito é servir a essa conversa pública, daí nosso firme comprometimento em contribuir para que ela seja saudável.

Um dos eixos dos nossos esforços é o combate a todo comportamento automatizado que tente manipular o debate na plataforma.

Automações podem ser positivas, como na emissão de alertas de notícias ou na prestação de serviços. O que enfrentamos com vigor são comportamentos automatizados que prejudicam a experiência e a conversa pública no Twitter.

Trabalhamos para detectar proativamente contas e comportamentos abusivos e investimos em ferramentas que identificam e agem automaticamente em contas que disseminam spam ou atuam de forma coordenada. Isso nos permite enfrentar tentativas de manipulação de conversas em grande escala —algo que há muito tempo buscamos combater.

Este trabalho evoluiu ainda mais nos últimos 12 meses. Em maio de 2018, identificamos e contestamos mais de 9,9 milhões de potenciais contas de spam ou de automação mal-intencionada por semana —contra 6,4 milhões de contas em dezembro passado e 3,2 milhões em setembro de 2017.

Isso não significa que haja mais contas agindo de má-fé na plataforma, mas que hoje somos mais capazes de detectá-las e confrontá-las, aplicando medidas que incluem suspensão ou bloqueio. A média de denúncias de spam que recebemos é prova disso: ela caiu de cerca de 25 mil por dia, em março, para perto de 17 mil por dia em maio deste ano.

Por ser uma plataforma pública e em tempo real, o Twitter é um reflexo do que está acontecendo no mundo. Por isso, acadêmicos de todo o globo baseiam pesquisas sobre os mais diversos temas em conversas da plataforma. Entre os diferentes estudos de que temos conhecimento, estão os que tentam mensurar o impacto de robôs no Twitter —muitos dos quais, ainda que sejam bem-intencionados, se mostram imprecisos e equivocados.

É o caso de um recente levantamento sobre a suposta presença de robôs entre os seguidores dos pré-candidatos à Presidência. Nossa própria investigação não encontrou evidências que confirmem as conclusões da pesquisa.

Estudos de terceiros, como os que usam aplicativos que tentam adivinhar se perfis são ou não robôs —instrumentos que têm se revelado metodologicamente falhos—, só acessam sinais externos das contas. São informações muito limitadas em relação às que o Twitter dispõe para determinar se uma conta é ou não uma automação indevida.

Pesquisas externas muitas vezes ignoram que o Twitter tem ferramentas que reduzem o alcance de tuítes de contas de baixa qualidade. Em nossas APIs, pesquisadores acabam encontrando tuítes e contas que não impactam nossos usuários. Além disso, muitas das redes de automação são compostas por contas que seguem umas às outras, compartilhando conteúdos entre si que dificilmente impactarão o usuário comum. Nosso trabalho contra spam ajuda a garantir que seja assim.

Detalhes do que fazemos para combater automação estão no blog do Twitter Brasil. Entendemos a curiosidade que o tema desperta, e o nosso compromisso é o de manter a sociedade informada sobre os nossos esforços.

Não negamos nosso desafio. Trabalhamos para enfrentá-lo e estamos abertos ao diálogo com quem compartilha do nosso objetivo de promover conversas cada vez mais construtivas e saudáveis.

Fernando Gallo

Jornalista e responsável pela área de políticas públicas do Twitter no Brasil

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