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O peso do centrão

Apoio esperado de partidos fisiológicos dará alento à candidatura de Geraldo Alckmin

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O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, durante sessão no Congresso, em abril
O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, durante sessão no Congresso, em abril - Adriano Machado - 25.abr.18/Reuters

Poucas vezes se viu uma sucessão presidencial tão cercada de indefinições como as que têm caracterizado o atual momento. A desagregação partidária e o desgaste de lideranças imprimem, sem dúvida, elevado grau de incerteza à campanha que se aproxima.

Ao menos num ponto, todavia, os entendimentos com vistas ao pleito de outubro parecem acomodar-se num leito já conhecido.

Depois de uma fase de oscilações e desencontros, o chamado centrão prepara-se para anunciar seu apoio ao pré-candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin.

Os comandos de DEM, PP, PR, Solidariedade e PRB abandonam, assim, as perspectivas de um acordo com Ciro Gomes (PDT) ou com Jair Bolsonaro (PSL), em favor de um nome que, embora menos favorecido pelas atuais pesquisas de opinião, há de ser-lhes mais confiável.

Não foi diverso, para começar, o esquema que deu sustentação ao governo Fernando Henrique Cardoso, nos anos 1990.

Se o paralelo parece distante no tempo, é inegável que, do ponto de vista programático, persistem as afinidades entre um partido de perfil mais liberal e reformista, como o PSDB, e a colcha de retalhos fisiológica e conservadora que se costura à sua volta.

A aliança em formação tende a fazer mais sentido, com efeito, do que a conjunção resultante de um apoio a Ciro Gomes, cuja confusa mensagem eleitoral envereda pelo campo da esquerda, ou com o direitismo simplório de Bolsonaro.

Não que amálgamas desse tipo sejam impossíveis. Com exceção do DEM, as siglas do centrão deram longo respaldo a governos petistas, cabendo ao pragmatismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva viabilizar suas demandas enquanto mantinha acesas as esperanças e ilusões da militância.

Tal arranjo desaguou, como se sabe, em escândalos detectados em escala inédita nos episódios do mensalão e da Lava Jato —e, mais à frente, em rompimento com a gestão econômica e politicamente inepta de Dilma Rousseff.

Se confirmado, o acordo constituirá a melhor notícia para PSDB e Geraldo Alckmin desde o início da corrida presidencial. Seu tempo de propaganda na TV crescerá de modo expressivo —os números exatos dependem da quantidade  de postulantes— e sua campanha ganhará maior enraizamento nos cenários regionais.

O preço desse acordo, em termos eleitorais, já está de certa forma contabilizado. O ex-governador paulista não poderá se apresentar como um renovador dos costumes políticos ou um paladino da ruptura institucional —imagem que nunca foi sua.  

Seu desafio, nesse sentido, é o que acompanha toda a política brasileira: desvencilhar-se do lastro de atraso de um grupo de legendas cujo apoio nenhum governo, afinal, tem conseguido dispensar.

editoriais@grupofolha.com.br

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