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Parques a perigo

Em tempos de restrições, é preciso buscar alternativas; privatização pode ser promissora

Parque Jardim da Luz, no centro paulistano
Parque Jardim da Luz, no centro paulistano - Gabriel Cabral/Folhapress

Pesquisa Datafolha realizada em abril de 2017 mostrou que os parques ocupam lugar de destaque no cotidiano da cidade de São Paulo. Esses espaços são frequentados por 55% dos paulistanos. Os mais assíduos têm menos de 34 anos, renda de cinco a dez salários mínimos e ensino superior. 

Essa tradicional opção de lazer, que ganhou novas áreas nas últimas décadas, infelizmente deixou de receber investimentos estimados pela prefeitura para reforma e adequação em anos recentes.

Entre 2014 e 2017 planejava-se investir em 106 parques mais de R$ 251 milhões com essa finalidade, mas apenas R$ 6,8 milhões —2,7% do previsto no PPA (Plano Plurianual)— foram efetivamente gastos. 

A projeção para os próximos anos é modesta. O PPA para o quadriênio 2018-2021 calcula desembolsos municipais de R$ 13,8 milhões. 

O quadro de uma maneira geral não chega a ser caótico, já que há ainda recursos ao menos para a manutenção básica. Registre-se que 53% dos moradores consideraram os parques da cidade ótimos ou bons, em abril do ano passado, enquanto somente 12% os avaliaram como ruins ou péssimos. 

Entretanto a tendência, com a redução dos investimentos, é que algumas situações que já se revelam críticas piorem e a deterioração avance. É o caso do parque Jacques Cousteau, chamado também de parque do Laguinho, localizado no bairro de Interlagos.

Seu lago, o maior atrativo, é um desaguadouro para galerias pluviais que trazem com as chuvas quantidade indesejável de esgoto e lixo. O resultado é o assoreamento, a queda de oxigênio e a redução do volume de água.

Tanto a equipe do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) quanto a atual gestão do PSDB citam a recessão econômica e a crise que se abateu sobre as finanças públicas como as principais causas dos problemas. É difícil, de fato, evitar cortes num cenário tão dramático como o que o país tem atravessado. 

Apontados pela administração de Bruno Covas como possível solução para tais carências, contratos de concessão à iniciativa privada ainda não saíram do papel —o principal envolvendo o Ibirapuera.

Em tempos de restrições, é preciso buscar alternativas. A privatização pode ser promissora, caso os contratos sejam feitos de modo inteligente, com contrapartidas.

Parcerias com empresas e mobilizações comunitárias, como ocorre em outros países, também são um caminho para obter melhorias e evitar um quadro de decadência que seria deplorável para a cidade e seus moradores.

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