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Arnaldo Niskier

Educação humanista

Alunos não são levados a pensar por si mesmos

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Arnaldo Niskier, em seu escritório no Rio de Janeiro
Arnaldo Niskier, em seu escritório no Rio de Janeiro - Luciano Santos - 8.dez.04/Folhapress

Estamos nos deliciando com a leitura do livro "Homo Deus", do escritor israelense Yuval Noah Harari (Companhia das Letras), em que ele investiga o futuro da humanidade em busca de uma resposta sobre qual será o nosso destino na Terra.

Lá pelas tantas, afirma que a ascensão de ideias humanistas revolucionou o sistema educacional. Na Antiguidade, os professores apresentavam uma pergunta aos alunos, e estes tinham de se lembrar como Aristóteles, o rei Salomão ou São Tomás de Aquino responderiam a ela, pois o objetivo era instilar obediência e memorização, com base nas antigas tradições.

Devemos inferir que, hoje em dia, a educação humanista moderna ensina os estudantes a pensar por si mesmos, sem desprezar o que significa a contribuição dos autores clássicos. Podemos concluir que o ideal é a mescla dos conhecimentos de sempre com as conquistas espetaculares da inovação.

A educação humanista moderna leva os estudantes a conhecer os melhores caminhos da política, da arte e da economia. Temos que levar os nossos jovens a raciocinar sobre isso. Em recente reunião no Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o professor Célio Borja reclamou que os nossos alunos, de um modo geral, não são levados a pensar por si mesmos.

E, nesse pensamento do eu interior, cabe espaço para acreditar na existência de Deus, a quem devemos ouvir com frequência. Como fez o profeta Isaías (40,22), para quem "Ele senta-se no trono acima do círculo da Terra" —aí se pode deduzir o seu formato redondo (geoide).

Utiliza-se a trigonometria (o estudo da medida dos triângulos) para conhecer o formato da Terra e a estrutura de todo o sistema solar. Por isso, os cientistas passam anos em estudos, a fim de reunir dados empíricos que facilitem a busca da verdade. Se quisermos ter a resposta a qualquer questão ética, devemos nos conectar com nossas experiências anteriores e empregar nas observações a máxima sensibilidade.

Segundo Harari, a experiência é um fenômeno subjetivo que inclui três ingredientes principais: sensações, emoções e pensamentos. A sensibilidade só se desenvolve passando por uma longa série de experiências. O grande objetivo de uma vida humanística é desenvolver o conhecimento mediante uma boa variedade de experiências intelectuais, emocionais e físicas.

Tais considerações nos levam ao Homem de Lata, no filme "O mágico de Oz". Ele percorre a estrada de tijolos amarelos na companhia de Dorothy e seus amigos, na expectativa de que, quando chegar a Oz, o mágico lhe dê um coração.

No fim, eles verificam que o grande mágico é um charlatão, que não lhes dará nada disso. Mas descobrem o melhor de tudo: o que querem já existe dentro deles, ou seja, sensibilidade, sabedoria e bravura. É com esses elementos que se deve seguir pela vida.

Arnaldo Niskier

Doutor em educação, é professor, jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL)

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