Descrição de chapéu

Frustração no Rio

Próximos governantes terão que buscar estratégia mais eficiente para combater o crime no estado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Militares no complexo do Alemão, no Rio
Militares no complexo do Alemão, no Rio - Pilar Olivares/Reuters

Iniciada em fevereiro, a intervenção federal na segurança pública do Rio alcançou resultados frustrantes, e até os dividendos políticos que o presidente Michel Temer (MDB) esperava colher com a iniciativa começaram a evaporar.

Pesquisa realizada pelo Datafolha no início desta semana mostra que o apoio dos moradores da capital do estado à medida caiu de 76% para 66% desde meados de março. Os que se declaram contrários passaram de 20% para 27%.

O levantamento indica também que é grande a decepção do eleitorado carioca. Para 59% da população, nada melhorou. Outros 12% acham que a situação piorou, e só 27% veem alguma melhora.

Com a intervenção, as Forças Armadas assumiram o comando da área de segurança pública no Rio. Temer nomeou um general do Exército como interventor e lhe deu autoridade sobre as polícias estaduais e o sistema penitenciário.

Descrita pelo presidente como uma “jogada de mestre”, a ação  nasceu torta. Não havia um plano definido, nem recursos financeiros para apoiar os militares.

A providência foi uma reação a uma onda de assaltos em bairros ricos que aumentou a sensação de insegurança, num estado que parece ter perdido a capacidade de combater o crime em meio a uma grave crise financeira.

Para Temer, que entrou no último ano de seu mandato preocupado com o desprestígio do governo, era uma oportunidade valiosa para associar sua imagem a uma iniciativa de apelo popular e, quem sabe, recuperar a força necessária para influir na própria sucessão.

Passados seis meses, os efeitos do improviso se fazem notar. Índices de criminalidade continuam elevados, recursos destinados ao estado só foram liberados recentemente e um plano divulgado em junho já está sendo revisto.

Apesar da comoção causada pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, em março, as autoridades ainda não conseguiram esclarecer o crime.

O Exército indicou que pretende se livrar da missão o quanto antes. Já avisou ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que não quer a renovação do decreto da intervenção quando o prazo da medida terminar, em dezembro.

Três militares foram mortos nesta semana, após entrarem em confronto com criminosos durante operação em três favelas da zona norte da capital.

Com a proximidade das eleições, a alternativa que parece ter restado é esperar que os próximos governantes tenham a habilidade que faltou para lidar com o problema.

O combate ao crime no Rio requer inteligência e coordenação de esforços do novo presidente e do futuro governador. Sem isso, a força bruta nas ruas será sempre insuficiente diante da violência.

​editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.