O MDB decide nesta quinta-feira (2) se terá ou não candidato próprio à Presidência da República. O partido que sempre teve papel fundamental nos momentos mais importantes da história do Brasil tem a oportunidade de escolher seguir grande e plural, em vez de abraçar uma candidatura inviável, que nos rebaixará, dificultando a eleição de governadores, senadores, deputados federais e estaduais.
A proposta de candidatura de Henrique Meirelles é o reconhecimento de que o MDB, em algum momento do governo Michel Temer, se afastou de suas bases, deixando de lado sua relevante atuação em momentos como a redemocratização, a estabilização da economia, a defesa dos trabalhadores e brasileiros mais humildes.
O Brasil tem atualmente mais de 13 milhões de desempregados, atingiu um déficit monumental das contas públicas e sofre com os cortes brutais de investimentos públicos e privados nas diversas áreas, especialmente na educação, ciência e tecnologia, em programas sociais como o Bolsa Família. O Nordeste sente os impactos desse massacre.
O Brasil defendido por Henrique Meirelles para justificar sua candidatura não se sustenta na vida real. Na verdade, o país vive o declínio do seu Produto Interno Bruto (PIB), com constantes e recorrentes revisões de metas para baixo, enquanto a expectativa de inflação é cada vez mais elevada.
Depois desta eleição presidencial, precisaremos fazer um pacto econômico e social, estabelecer diretrizes e metas, retomar os investimentos, melhorar a condição de vida das pessoas, acabar com privilégios e injustiças, votar projetos paralisados como o fim dos supersalários e a lei de abuso de autoridade.
Precisaremos reencontrar o caminho do crescimento e da estabilidade, abraçando causas que representem a vontade e os interesses da maioria dos brasileiros.
Sonhamos com um país melhor, capaz de se reinventar. Para isso, devemos respeitar nossa história e votar "não" a uma proposta de candidatura que não tem a mínima competitividade, não ultrapassa 1% das intenções de votos, apequena o partido e atrai para os estados a rejeição universal da população ao governo Michel Temer.
Meirelles tem biografia para ser presidente do BankBoston, da empresa JBS, ou do Banco Central, se for para seguir a lógica do sistema financeiro e não do mercado que trabalha e produz.
Mas ele não dispõe de biografia para ser um postulante à Presidência da República, o cargo mais importante da nação, que deve ser destinado pelo partido aos seus militantes, aos seus quadros originários. Jamais a alguém de fora, a um filiado de última hora.
O momento em que o partido mais cresceu foi em 2006, quando tentaram impor um candidato presidencial que diminuiria o MDB.
A convenção, soberanamente, não homologou a candidatura própria, e os diretórios estaduais puderam fazer as alianças que mais se adequavam às suas realidades regionais. Com isso, as bancadas cresceram, nossa legenda se fortaleceu e o Brasil ganhou muito com isso.
Torço para que a história que escreveremos nesta quinta repita o enredo daquele ano. Para isso acontecer, basta a reflexão dos convencionais sobre o futuro do MDB, sobre a contribuição que pretendemos dar ao Brasil a partir do próximo ano.
Não vamos chamar o Meirelles!
MDB se rebaixará se abraçar candidatura inviável
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