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A águia e o dragão

Tensão entre Estados Unidos e China, as maiores economias do mundo, continua a subir

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - Mandel Ngan/AFP

A tensão entre as duas maiores economias do mundo continua a subir. Após alguns meses de impasse, os Estados Unidos decidiram taxar US$ 200 bilhões em importações da China, que retaliou com tarifas sobre US$ 60 bilhões de suas compras de produtos americanos.

Trata-se de uma escalada importante após a primeira rodada de restrições, em julho, que atingia um volume de comércio bem menor. Desta vez, as sobretaxas dos EUA foram fixadas em 10% até o fim do ano, mas aumentarão para 25% caso não haja acordo mais amplo. 

O presidente Donald Trump disse ainda que a medida poderá atingir mais US$ 267 bilhões, cobrindo a totalidade das vendas chinesas.

A despeito da oposição de setores afetados, parece haver amplo apoio à política de antagonizar o país asiático, em razão da percepção de que este atua de forma assimétrica, com práticas discriminatórias em favor de suas empresas e transferência forçada de tecnologia ocidental como preço de acesso ao seu gigantesco mercado. 

Há que destacar, em paralelo, um esforço de acomodação dos EUA com outros parceiros. A reforma do Nafta (acordo de livre comércio com Canadá e México) está em curso; Washington e a União Europeia concordaram em negociar, evitando, ao menos por ora, a imposição de tarifas sobre importações americanas de automóveis. 

Os europeus têm dado sinais de que partilham das preocupações de Trump quanto às atitudes da China, mesmo que reprovem os métodos de retaliação. O tema, aliás, vai além do comércio e diz respeito à liderança tecnológica. 

Embora improvável, uma coalizão ocidental contra sua agenda de incentivo à indústria, delineada no plano Made in China 2025, seria um problema bem maior para as autoridades do gigante emergente do que um confronto isolado com os americanos. 

Correta ou não, consolida-se a leitura de que os chineses buscam supremacia tecnológica e se posicionam como um competidor estratégico, o que deve redesenhar as relações de comércio e produção. 

Nesse contexto, mesmo que não haja uma declaração de guerra comercial e o volume já atingido pelas tarifas represente ainda uma diminuta parcela do comércio mundial, a escalada de restrições implica riscos crescentes.

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