Descrição de chapéu
Rubens Harb Bollos

A importância da medicina de precisão

Prática possibilita tratamentos mais eficazes

Seminário sobre saúde no Brasil, promovido pela Folha em abril de 2018
Seminário sobre saúde no Brasil, promovido pela Folha em abril de 2018 - Reinaldo Canato - 23.abr.18/Folhapress

Há algum tempo esta Folha publica artigos sobre medicina personalizada e de precisão (MPP). O que evidencia que o assunto está em pauta e necessita de maiores esclarecimentos e discussões pela sociedade.

A evolução das pesquisas básicas em ciências da vida deve culminar em inovações científicas na prática clínica. A MPP é uma consequência dessa transformação. Ficou em evidência em 2015, quando o então presidente dos EUA, Barack Obama, lançou a Precision Medicine Initiative, buscando revolucionar a prática médica conectando genética, ambiente e estilo de vida de uma pessoa com o Big Data na gestão de saúde.

A MPP já é uma prática médica difundida nos mais importantes centros médicos do mundo. Porém, a implementação de novas metodologias que incluam os conceitos da MPP, como testes genômicos, diagnósticos moleculares e terapias-alvo, ainda é um desafio para a educação e prática médica.

A ABMPP (Associação Brasileira de Medicina Personalizada e Precisão), entidade sem fins lucrativos, foi criada com o propósito de estimular médicos e estudantes de medicina a terem melhor compreensão dos conceitos da MPP e integrá-los em sua prática médica, orientando suas decisões clínicas.

A MPP prevê a suscetibilidade às doenças pelo histórico e perfil genético único do indivíduo. Recomenda medidas de prevenção, ajustando, por exemplo, sono, dieta, práticas desportivas e a realização de exames específicos para detecção precoce da enfermidade e evitar sua progressão, trazendo diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes para a tomada de decisões e intervenções médicas. As chances de cura aumentam significativamente quanto mais precoce for o diagnóstico, gerando custo menor pela ausência de complicações.

A MPP avança em várias especialidades como cardiologia, imunologia, infectologia, nutrição, oncologia, psiquiatria e reumatologia. No entanto, a aquisição desses conhecimentos pelos profissionais de saúde no Brasil se dá essencialmente pelo esforço próprio e frequência a reuniões e intercâmbios científicos.

A despeito da nossa competência, temos escassos centros médicos e hospitais com equipes que se apresentem formalmente alinhados com a MPP. Desinformação, desconhecimento, custos e as próprias dificuldades ético-legais ainda são impedimentos para que muitos pacientes usufruam esse recurso.

Pesquisas clínicas financiadas tanto por instituições privadas como pelas públicas cumprem, em parte, a inclusão democrática de pacientes em tratamentos mais eficazes ou oferecem novas possibilidades terapêuticas para aqueles que esgotam o arsenal conhecido.

Precisamos que a MPP seja inserida no rol de atividades dos médicos, governos e das seguradoras. Convidamos toda a sociedade a se engajar nessa causa para que possamos estabelecer uma parceria entre instituições e pessoas, unindo ciência e tecnologia e buscando que o sofrimento da dor humana seja mitigado e que o paciente adquira maior qualidade de vida, êxito e cura de suas mazelas.

Rubens Harb Bollos

Médico, pesquisador e presidente da Associação Brasileira de Medicina Personalizada e de Precisão

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.