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O exemplo da Suécia

Democratas, partido de origem neonazista, terá maior representação no Parlamento

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Eleitores votam em Estocolmo, na Suécia
Eleitores votam em Estocolmo, na Suécia - Hanna Franzen/TT News Agency/Associated Press

O crescimento de movimentos populistas xenófobos tem se refletido nas urnas de vários países da Europa, dos menores aos mais relevantes. O fenômeno cruzou nova fronteira no domingo (9), depois de conhecidos os resultados nas eleições gerais da Suécia.

O partido Democratas, de origem neonazista e com uma plataforma abertamente anti-imigração, obteve 18% dos votos. Passa a ostentar sua maior representação no Parlamento —onde tem representantes desde 2010—, transformando-se na terceira força nacional.

Tal cenário poderia ser visto até como previsível, dada a tendência continental de ascensão dessas legendas, em relação clara com o fluxo expressivo de migrantes recebidos nos últimos anos. Só em 2016, 2 milhões de pessoas chegaram aos 28 países da União Europeia, a maioria em fuga de conflitos no Oriente Médio.

O espaço conquistado pela direita radical, entretanto, chama a atenção porque ocorre onde o modelo de Estado de bem-estar gerido por governos adeptos da social-democracia conheceu seu ápice.

Não por acaso, a sigla que representa essa vertente política comandou o país em 60 dos últimos cem anos, dos quais 41 consecutivos (1932-1973). No pleito do fim de semana, registrou sua pior votação, 28%, desde a instituição do sufrágio universal, em 1921.

O desempenho decepcionante dos sociais-democratas —em que pese ter sido o partido mais votado isoladamente— os obrigará a negociar uma aliança com partidos de centro-direita, um processo que se vislumbra penoso.

Esse cenário se explica, em boa medida, por um razoável êxito dos extremistas em explorar temores de que o contingente de estrangeiros recém-chegados venha a ameaçar o sistema de serviços públicos e benefícios sociais.

Não se pode, de fato, desprezar o peso dessa onda de imigração na Suécia. Em 2015, foram 163 mil acolhidos em uma nação de pouco mais de 10 milhões de habitantes —a maior proporção entre todos os membros da UE.

Embora não haja evidências de riscos para os invejáveis índices de qualidade de vida que os suecos ostentam, é fato inescapável que os milhares de refugiados enfrentam problemas de integração e dependem, em maior ou menor grau, de amparo do Estado.

Tal como em outros países europeus, a projeção da direita xenófoba não é grande o bastante para a tomada do poder, mas tampouco deve ser subestimada. Cabe aos líderes do continente chegar a uma política comum para lidar com a questão imigratória.

editoriais@grupofolha.com.br

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que dizia o editorial "O exemplo da Suécia", o partido Democratas não conseguiu representação no Parlamento local pela primeira vez nesta eleição, mas sim em 2010.

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