Ao olharmos os dados da educação no Brasil, podemos achar, à primeira vista, que evoluímos nos últimos anos. Afinal, 94,2% das crianças e adolescentes de todo o país estão matriculados em escolas, de acordo com pesquisa do IBGE. Dar acesso à maioria das crianças e jovens ao ensino é, sim, uma conquista, mas a qualidade da educação oferecida para esses alunos está muito longe do necessário.
A última Avaliação Nacional de Alfabetização mostrou que 55% das crianças de 8 a 10 anos não estão aptas a ler e escrever estruturas simples ou a efetuar operações matemáticas básicas. Além disso, segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, mesmo as crianças que estão nas escolas particulares têm desempenho em matemática, leitura e ciências inferior à média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Vivemos, portanto, uma verdadeira crise de aprendizagem.
Dentre os vários aspectos da reforma educacional pela qual o país precisa passar imediatamente, repensar a formação dos professores deve estar entre as prioridades. Se queremos viver em um país desenvolvido, com igualdade de oportunidades e pessoas conscientes de seus direitos e deveres, devemos urgentemente colocar o ensino e o professor como pontos centrais de nossas reformas. A aprendizagem deve ser encarada por todos —governo e sociedade civil— como a base de uma transformação duradoura e sustentável.
Precisamos resgatar a valorização dos professores, que todos os dias têm o compromisso de desenvolver dentro das salas de aula o máximo potencial das nossas crianças e adolescentes. Uma reflexão profunda na formação dos educadores na universidade e um plano concreto de desenvolvimento contínuo ao longo da carreira são pontos primordiais para elevar a qualificação desses profissionais.
Atualmente, a formação dos professores é, na maioria das vezes, focada apenas no conteúdo, sem a devida importância para o desenvolvimento de como ensinar na prática, gerando um modelo que não tem garantido a aprendizagem adequada dos estudantes.
Precisamos de um novo olhar para preparar os professores para um mundo em constante transformação, equilibrando teoria e prática de sala de aula, e considerando a realidade do cotidiano escolar brasileiro, que passa pelos desafios contemporâneos da nossa sociedade como preconceito, fome, violência, drogas, abandono etc.
Para lidar com essa complexidade e exercer sua profissão com excelência, o professor precisa se sentir preparado em múltiplas dimensões —técnica, emocional, social—, além de ter o apoio e compromisso da sociedade com o movimento consciente de resgate desta profissão.
A educação tem solução, sim. E a solução está dentro de cada sala de aula. A valorização do professor é a chave para a transformação do futuro do Brasil. Um muda muitos. Muda uma escola, muda o bairro, muda o país. Preparar o professor é multiplicar o futuro.
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