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Ampliar o Enade

Exame deveria dispor de informações capazes de pautar a busca por mais eficiência

Estudantes aguardam a abertura de portão de universidade em São Paulo em dia de prova do Enade
Estudantes aguardam a abertura de portão de universidade em São Paulo em dia de prova do Enade - Reinaldo Canato - 24.nov.13/UOL

Um dos principais instrumentos do sistema de avaliação do ensino superior do país, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) traz dados essenciais sobre a qualidade dos cursos de graduação brasileiros.

Pode-se cobrar mais, entretanto, de um mecanismo adotado já há 14 anos. A esta altura, o Enade, aplicado pelo Ministério da Educação, deveria dispor de informações mais completas e capazes de pautar a busca por mais eficiência dos estabelecimentos do setor.

Neste ano, foram divulgados os resultados das provas de quem se formou em ciências exatas, licenciaturas e áreas como arquitetura e engenharia em 2017. 

Dos que se submeteram ao exame, cerca de 20% estudaram na modalidade a distância, que apresenta expansão acelerada. Os dados apontam, porém, que quase metade (46%) dos cursos não presenciais apresentam resultados insatisfatórios —conceitos 1 ou 2, numa escala que vai até 5.

O Enade mostra que egressos de faculdades públicas ainda vão melhor na prova. Nas universidades federais, por exemplo, 47% dos cursos são nota 4 ou 5. Em outra ponta, apenas 15% dos cursos das escolas privadas com fins lucrativos estão nessa faixa de excelência.

O desempenho dos alunos no exame, no entanto, nem sempre corresponde à qualidade da instituição de ensino. O estudante é obrigado a fazer o exame, mas não a ir bem. Como a nota não tem um efeito real na vida dos formandos, muitos não se empenham.

Além disso, os de espírito mais crítico —em geral, dos melhores estabelecimentos— costumam ser mais duros no questionário que avalia aspectos ligados à infraestrutura dos cursos. 

Dados importantes, como a trajetória dos egressos depois que se graduam, não são considerados. Hoje, governo e entidades desconhecem o impacto do diploma na carreira profissional de quem dispõe de educação superior.

Não se sabe, por exemplo, se os melhores empregos ficam com quem sai de cursos públicos ou privados, presenciais ou a distância. 

Todo sistema de verificação de qualidade necessita ser alterado com o passar do tempo, para que os avaliados não se ajustem, apenas, à avaliação. Iniciativas do gênero precisam tirar estudantes, docentes e gestores de suas zonas de conforto, em prol da sociedade.

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