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Cacoetes estatistas

Bolsonaro dá novas mostras de resistência à venda de estatais e causa desconfiança

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O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) durante entrevista à imprensa no Rio
O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) durante entrevista à imprensa no Rio - Mauro Pimentel/AFP

Se já havia dúvida quanto à sinceridade da súbita conversão de Jair Bolsonaro (PSL) ao liberalismo econômico, o próprio presidenciável tratou de reforçá-la com suas mais recentes declarações acerca da venda de empresas estatais.

O capitão reformado disse discordar da privatização na área de geração de energia elétrica, além de pretender preservar o controle do que chamou de “miolo” da Petrobras —referência ao segmento de pesquisa e extração de petróleo. 

Reafirmou, além disso, sua conhecida aversão à presença de empresas chinesas no país, o que considera um risco estratégico. 

A sinalização de descompasso, ao menos em parte, com a plataforma liberalizante de seu economista, Paulo Guedes, repercutiu de imediato no mercado financeiro.

Na quarta-feira (10), despencaram os preços das ações de estatais, interrompendo uma trajetória de alta que estava ligada, justamente, à ascensão de Bolsonaro nas pesquisas e sua surpreendente votação no primeiro turno.

Bolsonaro aparentou desconhecer até que a Eletrobras já passa hoje em dia por um processo de ajustes visando uma nova estratégia de privatização.

Segundo o plano, elaborado pelo governo Michel Temer (MDB), haverá um aumento de capital da empresa —após uma etapa de saneamento financeiro e recuperação da capacidade de investimento. Com a venda de novas ações no mercado, a União perderia a participação atual, mas manteria certas prerrogativas na administração.

Não está claro se tal modelo, que não envolve controle por nenhum grupo, local ou estrangeiro, conta com a aprovação do candidato. Apostas de analistas a esse respeito ficam em suspenso por ora. 

No caso da Petrobras, ao menos, Bolsonaro se aproxima mais da racionalidade. Aceita manter o rumo de abertura da exploração para outras companhias, dada a limitação de recursos da estatal, e não aparenta se opor à abertura do mercado de refino e do gás natural. 

O presidenciável também já se comprometeu a não privatizar o Banco do Brasil ou a Caixa Econômica Federal. Das 144 empresas federais, Petrobras, Eletrobras, BB, CEF e suas subsidiárias respondem por 97. O restante tem modesta importância financeira.

Há alguns meses, o assessor econômico de Bolsonaro sugeria arrecadar até R$ 1 trilhão com vendas de ativos para abater a dívida pública —quantia vista como inviável mesmo antes de o capitão reformado dar novas mostras de suas inclinações estatistas.

editoriais@grupofolha.com.br

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