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Novo comércio

Entendimento entre EUA, México e Canadá para preservar acordo é um alívio

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 Canadá, Méxicos e EUA preservaram o Nafta, agora rebatizado
Canadá, Méxicos e EUA preservaram o Nafta, agora rebatizado - Edgard Garrido/Reuters

Com as disputas comerciais entre as grandes potências globais ainda em recrudescimento, não deixa de ser um alívio que EUA, México e Canadá tenham chegado a um entendimento que permitirá preservar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), agora rebatizado com as iniciais dos três países, USMCA.

Durante toda a sua existência, iniciada em 1994, e mais ainda nos últimos anos, o Nafta recebeu críticas por supostamente contribuir para o esvaziamento da produção industrial norte-americana, que teria sido direcionada para localidades de menor custo.  

O presidente Donald Trump nunca escondeu sua especial aversão pelo acordo, talvez porque um de seus aspectos mais visíveis foi o deslocamento de parte do setor automotivo para o México. 

Como as regiões tradicionalmente produtoras formam parte de sua base eleitoral, era importante para o presidente americano mostrar resultados nessa seara —o que ele conseguiu, ainda que o impacto se mostre cosmético.

Se as novas regras preservaram grande parcela das disposições anteriores, elas corresponderam os objetivos políticos de Trump. 

Haverá limites para insumos produzidos em fábricas que pagam salários menores que US$ 16 por hora, com o intuito de proteger trabalhadores americanos. 

Numa referência não tão sutil à China, caso uma das partes entre em negociações com economias que não são de mercado, caracterização atribuída ao país asiático, deverá notificar as outras.

Os EUA continuam podendo impor tarifas sobre importações de automóveis e peças, em caso de alegada ameaça à segurança nacional. 

Para além do novo acordo, vai ficando clara a estratégia americana. Busca-se dar primazia a acertos bilaterais; a renegociação já fechada com a Coreia do Sul se insere nesse contexto.

Não surpreende, além disso, que depois de limpar o terreno com o Canadá e o México, Trump tenha feito referência à Índia e ao Brasil como potenciais novos alvos.

O foco principal, contudo, é mesmo a China. Nesse contexto, aliás, EUA, Japão e União Europeia dão sinais de alinhamento ao questionar, ainda que com estilos distintos, a política industrial chinesa, em especial o que entendem como transferência forçada de tecnologia como preço de acesso a seu gigantesco mercado. 

A geopolítica do comércio mundial está mudando, com risco para as regras multilaterais. A política comercial brasileira precisa ser pensada à luz da nova realidade.

editoriais@grupofolha.com.br

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