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Terra de ninguém

Avanço bolsonarista ameaça partidos tradicionais nos estados

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O ex-juiz bolsonarista Wilson Witzel (PSC) disputa o segundo turno para o governo do Rio de Janeiro
O ex-juiz bolsonarista Wilson Witzel (PSC) disputa o segundo turno para o governo do Rio de Janeiro - Mauro Pimentel/AFP

A onda direitista que abalou o sistema político brasileiro nas eleições deste ano teve reflexos importantes nos estados, atingindo com força os principais partidos.

O MDB, que mandou em sete unidades da Federação nos últimos anos, colheu uma única vitória nas urnas no domingo (7), em Alagoas. No segundo turno, a sigla só tem três concorrentes.

O partido do presidente Michel Temer também viu seu domínio se esfacelar no Senado, onde a bancada foi reduzida quase pela metade e até o presidente da Casa, Eunício Oliveira (CE), perdeu a cadeira.

O PT conseguiu conservar parte de sua força no Nordeste, reelegendo três governadores e garantindo vaga na disputa final do Rio Grande do Norte, mas perdeu o Acre e Minas Gerais. 

Mas ninguém saiu mais desconcertado do primeiro turno do que o PSDB. Os tucanos não alcançaram vitória em nenhum estado nessa etapa e enfrentam dificuldades nos dois maiores colégios eleitorais em que continuam no páreo.

Em Minas, o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) foi ultrapassado na chegada ao segundo turno por um novato, o empresário Romeu Zema (Novo), que se tornou o favorito para vencer o pleito. 

Ele declarou apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) a poucos dias da votação e aproveitou a maré conservadora para desbancar os tucanos no estado que eles haviam perdido para os petistas e pareciam prestes a recuperar.

Deu-se no Rio fenômeno semelhante ao observado em Minas, com a ascensão meteórica do ex-juiz bolsonarista Wilson Witzel (PSC) na reta final da campanha. 

Desconhecido do eleitorado até outro dia, ele agora é favorito no segundo turno contra o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que deixou o MDB depois que seu padrinho político, o ex-governador Sérgio Cabral, caiu em desgraça. 

Em São Paulo, estado que o PSDB governou por mais de duas décadas, o tucano João Doria chegou em primeiro lugar, mas a disputa com o governador Márcio França (PSB) deve ser acirrada. 

Talvez estejam depositadas no Bandeirantes as últimas esperanças da legenda de sair desta eleição com algum resultado para comemorar, porém uma vitória de Doria dificilmente pacificaria os tucanos. 

O ex-prefeito começou a flertar com Bolsonaro antes do primeiro turno e agora é tratado como traidor por Geraldo Alckmin. Patrocinador de Doria na política, o ex-governador sofreu derrota vexatória no domingo, terminando em quarto lugar na corrida presidencial.

O avanço bolsonarista ameaça, pois, o futuro do PSDB, uma força que representou por muito tempo um ponto de equilíbrio do sistema, mas que parece ter deixado de atender às aspirações de boa parte do eleitorado.

editoriais@grupofolha.com.br

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