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Universidades sob lupa

RUF suscita indagações sobre a qualidade e a serventia de estatísticas de ensino superior

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Prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP; universidade paulista voltou ao primeiro lugar do Ranking Universitário Folha
Prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP; universidade paulista voltou ao primeiro lugar do Ranking Universitário Folha - Bruno Santos/ Folhapress

A sétima edição do Ranking Universitário Folha (RUF), publicada na segunda-feira (1º), traz pouca novidade na classificação. Por outro lado, suscita indagações sobre a qualidade e a serventia de estatísticas de ensino superior no Brasil.

USP e UFRJ trocaram de posição no topo da lista, voltando a instituição estadual paulista a encabeçá-la.
Cabem duas anotações a respeito: só 0,23 ponto, na escala de 100, as separa; a USP deixou de ser prejudicada na pontuação por não participar do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), pois os curadores do ranking lhe atribuíram uma nota média com base nos resultados de instituições de porte e natureza similares.

A cada nova versão do RUF, sua metodologia passa por sintonia fina para incorporar sugestões técnicas. Essa busca de aperfeiçoamento sai reforçada pela criação de um Conselho Consultivo com oito dos maiores especialistas do país em avaliação de ensino e pesquisa.

Tal empreitada esbarra nas limitações de qualidade do próprio sistema de dados. A coleta de informações pelo MEC ganhou impulso em 1997, com a transformação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) em autarquia encarregada dos censos anuais de educação superior.

Além de orientar as políticas públicas, uma base de dados consistente fornece o alicerce para a pasta avaliar universidades públicas e privadas e fiscalizar a observância dos requisitos de credenciamento. Persistem lacunas, contudo.

Uma delas se refere às taxas de evasão de alunos de graduação. Em rankings tradicionais, como o do jornal U.S. News, o item chega a pesar mais de 20% na nota final.

A equipe do RUF tentou obter a informação a partir de levantamento do Inep sobre o período 2010-2015, mas encontrou falhas que inviabilizam uma conclusão. Sabe-se que em 2010 houve 2,5 milhões de ingressantes e que em 2015 se formaram 878 mil, mas não o destino do 1,6 milhão que não se graduou.

Eles podem ter mudado de área, ou estar atrasados na conclusão do curso, ou mesmo ter desistido de se diplomar. Para um diagnóstico preciso, seria necessário conhecer os índices desses casos em cada curso e universidade, além de investigar as razões que levam o jovem a evadir-se.

Trata-se de um indicador essencial de eficiência, sobretudo nas universidades públicas, mantidas com recursos orçamentários cada vez mais escassos. Não é improvável que dados de evasão venham a revelar enorme desperdício.

O Inep precisa forçar o quanto antes a abertura dessa caixa-preta.

editoriais@grupofolha.com.br

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