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Fabio Malina Losso

Chicago, Paulo Guedes e democracia

Universidade se orgulha do papel de seu ex-aluno

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, em evento em Brasília - Pedro Ladeira - 14.nov.18/Folhapress
Fabio Malina Losso

A comunidade da Universidade de Chicago acompanha, com muito interesse, o reconhecimento de seus ex-alunos. Causam especial orgulho as premiações científicas recebidas e a contribuição prestada no exercício de relevantes cargos públicos.

Em comum, todos puderam experimentar uma educação transformadora, pautada no rigor científico, apoiada pela intransigente defesa da liberdade de expressão e instrumentada pela prática do discurso livre. Os diálogos e debates na Universidade de Chicago são famosos pelos questionamentos muitas vezes ásperos, em que pensamentos se contrapõem e temas sensíveis são colocados em perspectiva. 

Consequentemente, exsurge a análise crítica individual, que conduz não somente à produção de conhecimento científico, mas ao fortalecimento da sociedade. 

Foi nesse ambiente de desenvolvimento crítico do conhecimento que o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, estudou, habituando-se ao confronto de ideias e análise de dados e fatos, que são característicos da instituição.

Obteve, sob merecimento, os títulos de mestre e doutor pela Universidade de Chicago, o que certamente influiu no convite, pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, para comandar a reestruturação de uma das maiores economias do mundo, para que saia da crise mais grave das últimas décadas.

Peço permissão ao leitor para oferecer breve contraponto ao título da reportagem "Acadêmicos de Chicago temem associação entre universidade e excessos de Bolsonaro", publicada nesta Folha em 27/10, bem como ao relato dos entendimentos de três debatedores em evento do "Chicago Center for Democracy", com o intuito de debater o cenário político do Brasil.

Da leitura do texto depreende-se que em algum momento da reunião a discussão divergiu para a reverberação da narrativa disseminada por alguns desde o impeachment de Dilma Rousseff, de que a democracia brasileira está ameaçada. Isso não procede. O Brasil, como nação, demonstra notável resiliência. Possui instituições sólidas que são constantemente testadas, mediante a atuação de Poderes constituídos e dentro das suas competências constitucionalmente definidas.

Para além de retórica, o resultado das recentes eleições deve por todos ser respeitado como soberana expressão da vontade popular. A alternância de poder certamente se demonstrará muito salutar. Está evidenciado o desejo de ruptura com o modelo patrimonialista da política brasileira das últimas décadas.

Teve peso a clareza da proposta econômica formulada por Paulo Guedes, pautada na simplificação tributária e diminuição da burocracia, no combate ao corporativismo e no alívio do peso do Estado na vida dos cidadãos. Sua execução certamente representará inclusão social e fortalecimento da democracia.

É motivo de orgulho à comunidade da Universidade de Chicago que o ex-aluno Paulo Guedes tenha sido convidado a contribuir com o interesse público, à frente de uma economia tão importante como a do Brasil. É o desejo de todos que ele seja muito bem-sucedido.

Fabio Malina Losso

Advogado e doutor em direito civil pela USP, pesquisador visitante e membro do conselho da Harris School of Public Policy, da Universidade de Chicago (EUA)

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