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Gabriella Bighetti

Investimento privado na primeira infância traz benefícios a longo prazo

Receber estímulos adequados pode gerar ganhos futuros à economia

Alunos em colégio em São Paulo - Raquel Cunha - 18.ago.15/Folhapress
Gabriella Bighetti

A primeira infância é o importante período da vida que se estende do nascimento aos 6 anos de idade. É nesse momento em que os bebês e as crianças vivem não só a fase mais acelerada do crescimento físico, mas também a etapa mais decisiva do desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Com os estímulos necessários, podemos promover impactos positivos no desenvolvimento infantil que permanecerão por toda a vida.
 
Com isso em mente, você já se questionou sobre o quanto é possível mudar a sociedade a partir da transformação dos primeiros anos de vida de uma criança? As experiências dessa fase têm o poder de potencializar e moldar o adulto do futuro. Quando bem assistidas, elas mudam o mundo —cuidar delas, hoje, é construir a sociedade que queremos daqui a alguns anos.
 
Entretanto, há um longo caminho a ser percorrido. As estatísticas mostram que uma parcela considerável dos bebês e das crianças de até 3 anos do país está fora da escola —cerca de 70%, segundo o IBGE. É por isso que a United Way Brasil concentra seus esforços também nos cuidados com a primeira infância.

O guia “Aposte na Primeira Infância: Qual o papel das empresas no desenvolvimento das crianças brasileiras?”, fruto da parceria da United Way Brasil com o Instituo GPTW e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, mostra que as organizações que adotaram programas em prol dessa faixa etária tiveram impacto direto na produtividade e rotatividade dos funcionários, esta última caindo de 21% para 9,9%. 

Mas não são apenas empresas que se beneficiam do investimento no setor. Investir nas crianças significa cuidar do futuro do país. Um dos defensores dessa teoria é o economista James Heckman, ganhador do Nobel, que explica como o cuidado com a primeira infância leva ao crescimento econômico de uma nação.

Pelos seus cálculos, a renda da população aumenta até 60% quando as crianças recebem os estímulos adequados da família e da escola, tornando-se adultos produtivos. Os cofres públicos também se beneficiam, graças à queda da mortalidade infantil e da violência urbana. Heckman estima que cada US$ 1 investido em uma criança faz com que ela, no futuro, devolva US$ 0,14 por ano à sociedade. Segundo o especialista, este é um dos investimentos mais estratégicos que existem.
 
O que mais nos motiva, como equipe United Way Brasil, são as mudanças concretas que esse trabalho produz na vida de tantas crianças e jovens do país —foram mais de 21 mil atendidos só em 2017.
 
Um dos exemplos da atenção que damos ao assunto é o programa “Crescer Aprendendo”, desenvolvido desde 2012 pela United Way Brasil e que já beneficiou mais de 2.000 crianças de 13 centros de educação infantil. O programa utiliza diferentes estratégias para potencializar o desenvolvimento e aprendizado da primeira infância. Os conteúdos trabalhados nos encontros presenciais também são reforçados ao longo da semana por meio de uma plataforma virtual.
 
E, por acreditar na força do impacto coletivo, a United Way Brasil também promove o voluntariado corporativo durante o “Dia Viva Unido”, evento que reúne cerca de 200 voluntários de diferentes empresas e áreas em prol da primeira infância. Em uma ação coletiva, os voluntários fazem um mutirão para revitalizar espaços de brincadeiras e vivência em centros de educação infantil. 
 
A transformação dos espaços com pintura, reforma de brinquedos e a criação de novos ambientes estão entre as ações para impactar a qualidade de vida das crianças e seus familiares, deixando as áreas mais bonitas, funcionais e acolhedoras, concretizando os temas trabalhados nos encontros presenciais.
 
Para as empresas e seus funcionários, o Dia Viva Unido é uma oportunidade de conectar investimento social com engajamento transformador. E nada pode ser mais motivador.

Gabriella Bighetti

Diretora-executiva da ONG United Way Brasil

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