Ainda mais pobres

Cresce número de brasileiros em lares com renda abaixo de R$ 406 mensais por morador

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Mulher em lixão no município de Barcarena, na região metropolitana de Belém (PA)
Mulher em lixão no município de Barcarena, na região metropolitana de Belém (PA) - Eduardo Anizelli/Folhapress

A quantidade de pobres aumentou no Brasil de 2016 para 2017, de acordo com os cálculos do IBGE  na recém-divulgada Síntese de Indicadores Sociais. Embora a longa e aguda recessão já tivesse terminado, o crescimento foi minúsculo no ano passado, e a situação do emprego permaneceu precária.

Essa estatística contabiliza os indivíduos cuja renda domiciliar per capita (a renda média dos moradores da casa) não alcança US$ 5,50 por dia, que, ajustados pelo poder de compra da moeda nacional, equivaliam a R$ 406 mensais —linha recomendada pelo Banco Mundial para países incluídos no nível médio-alto de riqueza.

Segundo tal critério, a parcela da população vivendo na pobreza passou de 25,7% para 26,5%, ou quase 55 milhões de pessoas. No caso de extrema pobreza (renda de até R$ 140 por mês), o contingente afetado passou de 6,6% para 7,4%.

Os dados demonstram como o país custa a superar os efeitos do ciclo de contração econômica de 2014-16. Ali se interrompeu um processo de expressiva ascensão social que já contava uma década. Infelizmente, o IBGE não apurou cifras comparáveis para todo o período, que permitiriam avaliar melhor a extensão do desastre.

Mas há fartura de evidências de que a presente recuperação da economia é a mais lenta da história documentada desde o século passado. O Produto Interno Bruto cresceu 1,1% em 2017; a taxa deste ano pouco passará disso. Neste dezembro de 2018, o PIB per capita é quase 8% menor que o de 2013.

Tamanha tibieza se traduz, na prática, em uma taxa de desemprego elevada que recua de modo pouco perceptível —foram 11,7% no trimestre encerrado em outubro, apenas 0,5 ponto percentual abaixo da cifra de um ano antes.

Dado que a penúria orçamentária do governo não permite uma ampliação de programas sociais em tempo hábil, a aceleração do crescimento econômico constitui o alívio mais plausível para a pobreza neste momento.

Em tese, R$ 14 bilhões anuais em transferências diretas de renda bastariam para eliminar a extrema pobreza, que vitima 15 milhões de brasileiros. Trata-se de montante que poderia ser obtido, por exemplo, com a revisão de subsídios e benefícios tributários como os destinados a baratear o óleo diesel.

Entretanto o governo está forçado a priorizar a urgente e politicamente indigesta reforma da Previdência, sem a qual as finanças caminharão para o estrangulamento —e o PIB não deixará a prostração.

editoriais@grupofolha.com.br

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