Legitimados por votação expressiva entre os pares, assumimos a direção do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Somos 40 conselheiros eleitos para um mandato de cinco anos, que buscaremos cumprir atentos ao que a sociedade e a categoria espera de nós.
As adversidades que enfrentaremos são grandes, especialmente em um momento de graves problemas na saúde, polêmicas envolvendo a atuação de médicos formados no exterior sem a revalidação de diploma no Brasil e a abertura indiscriminada de cursos de medicina de qualidade questionável.
Apesar dos recentes avanços da medicina, o exercício de nossa profissão e o atendimento à população nunca estiveram tão empobrecidos e difíceis. O Cremesp, autarquia federal constituída em 1957, é um tribunal de ética que fiscaliza o exercício da medicina e defende os interesses da sociedade. Por isso, advogamos que apenas os médicos registrados nos Conselhos atuem no país, pois só assim é possível garantir uma boa prática médica, que siga o Código de Ética vigente no Brasil.
Embora ambos sejam vítimas de um sistema de saúde em frangalhos, a relação entre médicos e pacientes foi afetada por um discurso que colocou sobre os profissionais brasileiros a culpa pelas mazelas do setor. Enquanto isso, os reais responsáveis pelo abandono --os gestores públicos e políticos-- mantêm tal retórica e pouco propõem de concreto. O momento requer aproximação entre médicos e a sociedade, pelo bem comum.
Começamos a fazer nossa parte. Contribuímos com o Ministério da Saúde montando uma força-tarefa para dar maior celeridade à emissão de registros a recém-formados interessados em participar do Mais Médicos. Em 15 dias de mutirão, expedimos aproximadamente 1.500 documentos em São Paulo.
Em pouco mais de dois meses, iniciamos as mudanças para tornar o Cremesp mais eficiente. Ao assumirmos, encontramos 3.500 sindicâncias à espera de instrução e 2.500 processos aguardando um julgamento.
Como outros tribunais, pretendemos superar a morosidade e mitigar a insegurança vivida pelos que aguardam, durante anos, por um veredicto. Para isso, investimos na modernização de fluxos e processos. Iniciamos estudos para ativar um sistema de videoconferência que interligará a sede do Cremesp às 36 delegacias regionais, o que evitará o deslocamento dos 40 conselheiros que realizam oitivas durante a instrução dos processos, economizando tempo e recursos financeiros.
No mesmo sentido, colocamos em teste um sistema de digitalização de processos, tecnologia já utilizada na Justiça, mas que ainda não chegou aos Conselhos de Medicina. A inovação permitirá que médicos e advogados acompanhem todo o trâmite processual via internet. Com maior eficiência, minimizamos custos. Por isso, também diminuímos o número de delegados --médicos indicados para instruir sindicâncias-- de 271 para 89.
Ainda temos muitos desafios pela frente. A saúde sofre hoje de uma doença agravada pela falta de um diagnóstico preciso, não permitindo um tratamento adequado.
Foi-se o tempo de ações governamentais paliativas e emergenciais. Lutaremos por um sistema de saúde integrado e bem administrado, que corrija o caos do setor.
Por fim, insistimos em que o governo reconheça o médico como uma carreira de Estado, conferindo estabilidade profissional e incentivos para fixá-lo, especialmente, em regiões remotas e menos desenvolvidas do país. Sabemos que o momento requer grandes esforços de todos nós. Mas, com união e responsabilidade, daremos nossa contribuição para transformar a saúde nos anos que virão.
Contra velhos desafios, mudança de gestão
Momento é de reaproximar médicos e sociedade
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