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Limpeza nos quartéis

Age bem a Corregedoria ao desbaratar os bandos que se utilizam da farda para praticar crimes

Operação da Corregedoria da PM e do Ministério Público resultou na prisão de 54 policiais
Operação da Corregedoria da PM e do Ministério Público resultou na prisão de 54 policiais - Divulgação

Um subtenente, sete sargentos, 13 cabos e 33 soldados: ao todo 54 policiais militares acabaram presos sob suspeita de ligação com o tráfico de entorpecentes e a principal facção criminosa paulista. Em seu poder havia armas ilegais e drogas.

O batalhão ao qual pertenciam contava com 608 membros. Em outras palavras, quase um décimo do efetivo foi parar atrás das grades.

Claro está que só o término da investigação e o devido processo legal poderão comprovar sua real culpabilidade. A apreensão de armamentos e tóxicos, contudo, sugere haver algo de muito errado naquele destacamento.

A ação conjunta da Corregedoria da PM e do Ministério Público iniciou-se há dez meses e já é a maior encetada contra agentes suspeitos de conluio com o crime organizado. Nada menos que 82 mil escutas telefônicas foram realizadas com autorização judicial.

Pelos indícios coletados, os envolvidos recebiam pagamentos regulares de criminosos para não reprimir o tráfico na área de policiamento do batalhão, na zona sul paulistana. Confirmado que praticaram crimes como corrupção passiva e concussão, além de integrar organização criminosa, os PMs devem ser expulsos da corporação.

A operação, batizada Ubirajara, foi a terceira do gênero em 2018. Em agosto, 32 PMs haviam sido detidos nas proximidades de Campinas; cinco meses antes, outros 20 tiveram o mesmo destino, desta vez na região de Taubaté.

Não deixa de ser preocupante que uma centena de policiais militares seja objeto de suspeitas tão graves, porque isso faz supor que o número de agentes com atuação delituosa seja bem maior. Mas é imperioso lembrar que a PM paulista conta com quase 90 mil homens.

A maioria presta um serviço essencial, no qual arriscam as próprias vidas. Age bem a Corregedoria ao mobilizar as armas da inteligência e da investigação para desbaratar os bandos que se utilizam da farda para praticar crimes e, com isso, ameaçam a confiança da população na sua polícia.

O governador eleito, João Doria (PSDB), anunciou prioridade para asfixiar a facção que lidera o crime organizado no estado e busca hegemonia também em outras unidades da Federação.

Para que a empreitada tenha sucesso, porém, torna-se crucial livrar o próprio aparelho policial dos traidores que lhe dão apoio.

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