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Riscos nas estradas

Rodovias paulistas registram 94 ocorrências de deslizamentos em 2018

Deslizamento interdita trecho da rodovia dos Tamoios - Danilo Verpa/Folhapress

Com a chegada da temporada de chuvas, neste final de ano, aumentam os temores de deslizamentos de terra nas rodovias paulistas que levam para o litoral do estado.

Neste ano, já são 94 ocorrências do tipo. A rodovia Tamoios, que liga São José dos Campos a Caraguatatuba, é a campeã, com 27 delas.

A situação mais crítica, porém, se dá na Mogi-Bertioga, que conecta a Grande São Paulo ao litoral norte. Em abril, uma rocha de 200 toneladas rolou do alto de uma montanha e obstruiu a via; somente um mês depois, o trajeto ficou interditado por 21 dias após a queda de barreiras na pista.

Em 2018, interrupções como essas ocorreram ao menos quatro vezes. O elevado número de suspensões da Mogi-Bertioga motivou o Ministério Público Estadual a investigar a segurança da via.

A despeito de tantos problemas, tais estradas chegam ao verão com obras de segurança pendentes.

No caso da Mogi-Bertioga, um muro de contenção foi erguido no local onde a gigantesca pedra caiu. A obra, no entanto, incapaz de estabilizar a encosta, é considerada provisória por geólogos.

Outro trecho da pista também sofreu, em outubro, com o deslizamento de uma rocha. Os trabalhos de contenção, contudo, só deverão começar em meados de janeiro.

Na Tamoios, um trecho de uma das pistas está interditado há incríveis três anos. A demora, segundo a concessionária que administra a via, se deve a um questionamento jurídico sobre de quem é a responsabilidade pelos reparos.

O governo estadual diz que o grande número de deslizamentos deste ano é fruto do índice de chuvas acima da média. Afirma, ademais, que contratou mapeamento de áreas de risco geológico e que as características da Serra do Mar tornam o terreno instável.

Surpreende que até hoje não exista tal mapeamento —e justamente num estado cujos governantes se jactam, com razão, de possuir as melhores rodovias do país.

Tais estradas também carecem de métodos mais eficientes de fiscalização, como estações meteorológicas que meçam o índice pluviométrico e permitam interromper preventivamente o tráfego. Outra iniciativa considerada valiosa é a instalação de detectores de movimento nas encostas, que aumenta a chance de prever deslizamentos.

Há décadas a queda de barreiras constitui rotina nas vias para o litoral, às vezes com resultados trágicos. Passa da hora de o poder público paulista atuar decisivamente para enfrentar essas instabilidades.

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