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Batendo no muro

Por enquanto, prognósticos de um 2019 espinhoso para Donald Trump se mostram acertados

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O presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca
O presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca - Jim Watson/AFP

Desde a perda da maioria republicana na Câmara, após as eleições legislativas de novembro último, prenunciava-se um 2019 espinhoso para Donald Trump. A considerar os primeiros dias do ano, os prognósticos se mostram acertados.

Muito em razão do estilo mercurial de seu presidente, o governo dos Estados Unidos adentra a terceira semana de “shutdown”, isto é, a suspensão parcial de serviços federais. Tal cenário se dá quando um impasse político leva o Congresso a não aprovar leis orçamentárias específicas para financiar determinados órgãos públicos.

Trata-se da terceira paralisação do tipo ao longo deste mandato, mas as duas anteriores foram breves e quase não trouxeram prejuízos à administração.

Tamanho imbróglio deve-se à obstinação do presidente em conseguir do Legislativo a liberação de US$ 5,7 bilhões (R$ 21 bilhões) para a construção do muro na fronteira com o México, uma de suas mais ruidosas promessas de campanha.

Os democratas, que voltaram a controlar a Câmara, ofereceram US$ 1,3 bilhão (R$ 4,8 bilhões) à segurança fronteiriça, sem prever uma dotação para a barreira.

Em sintomática demonstração da dificuldade de lidar com situações adversas, Trump ameaçou estender o “shutdown” por “meses ou anos” se não for atendido.

Cogitou, até, declarar emergência nacional para contornar o Congresso —a questão imigratória demanda, sim, atenção da Casa Branca, mas em absoluto se justificaria recorrer a uma medida tão grave.

Ao fazer do tema uma batalha contra a oposição, o mandatário parece pouco preocupado com os cerca de 800 mil servidores prejudicados pelo “shutdown”, dos quais 420 mil estão obrigados a trabalhar sem receber por prestarem serviços considerados essenciais. 

Cumpre lembrar que o muro nunca foi unanimidade nem mesmo entre correligionários do presidente. Muitos veem mais utilidade em investir em recursos tecnológicos e treinamento policial para coibir a entrada de ilegais.

Seja qual for o desfecho dessa disputa inglória, Trump terá pela frente outros prováveis atritos com os democratas. A nova presidente da Câmara, Nancy Pelosi, não descarta abrir um processo de impeachment contra ele.

A decisão, disse Pelosi, depende de como avançará a investigação do FBI sobre a suspeita de conluio com a Rússia para favorecer o republicano na campanha de 2016.

As chances de Trump ser destituído pelo Congresso são reduzidas, ao menos em tese, pelo fato de seu partido ainda controlar o Senado. De qualquer forma, o ano se desenha tempestuoso na Casa Branca.

editoriais@grupofolha.com.br

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