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Brinquedo favorito

Em sua obsessão pelo muro, Donald Trump não parece se importar com os transtornos à população

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O presidente Donald Trump, durante encontro com líderes conservadores para discutir segurança e a construção do muro na fronteira com o México - Mandel Ngan/AFP

Ninguém está proibido de ter ideias fixas, desde que elas não causem prejuízo a outras pessoas. A obsessão de Donald Trump em erguer um muro ao longo de toda a fronteira com o México se enquadra nessa categoria danosa: já trouxe problemas a milhões de americanos e pode vir a trazer mais em breve.

Por insistir em garantir recursos do Orçamento para a obra, o presidente dos Estados Unidos travou um embate com o Congresso no fim de 2018. O resultado foi a não aprovação de normas específicas para custear órgãos públicos. Quando isso ocorre, dá-se o “shutdown”, isto é, a suspensão parcial de serviços federais por falta de verbas.

Cerca de 800 mil funcionários ficaram sem receber salário, parques fecharam e centenas de voos foram cancelados, entre outras consequências. Na última sexta-feira (25), Trump aceitou assinar uma lei que prevê o financiamento de uma parcela das repartições federais até 15 de fevereiro.

Depois de 35 dias, terminava a mais longa paralisação desse tipo na história do país.

Não acabou, porém, o desejo do mandatário de ver construída uma de suas principais promessas de campanha. De acordo com o republicano, haverá um novo “shutdown” sem o que ele chama de “acordo justo” com o Legislativo. Os democratas, que voltaram a controlar a Câmara, se opõem a dar dinheiro para a barreira fronteiriça.

Caso não seja atendido, o presidente ameaça usar sua prerrogativa de declarar emergência nacional, o que o desobrigaria de conseguir o aval dos congressistas. A medida, porém, decerto despertaria polêmica pelo uso de um expediente extraordinário para essa questão e fatalmente seria alvo de contestação na Justiça.

Fosse o muro uma solução unânime para conter o fluxo ilegal de pessoas e mercadorias, a obstinação de Trump em obter US$ 5,7 bilhões (cerca de R$ 21 bilhões) para a empreitada seria justificável.

Não é o caso. Em vários pontos da fronteira, dizem especialistas, a instalação enfrentaria dificuldades técnicas, como condições adversas do terreno. Teria mais serventia investir em tecnologia de monitoramento e reforçar o contingente de policiais fazendo patrulha.

Diante desse cenário, fica clara a imaturidade de Trump na administração pública. Há uma notória incapacidade de diálogo quando a situação lhe é inconveniente.

A ameaça de forçar uma nova paralisação só ressalta a conduta egoísta de alguém que não parece se importar com os transtornos à população por causa de uma birra por seu brinquedo favorito.

editoriais@grupofolha.com.br  

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