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Mortes nas ruas

Além de adotar programas para proteger pedestres, é indispensável disciplinar o uso de motos

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Motociclista trafega pela marginal Tietê, em São Paulo
Motociclista trafega pela marginal Tietê, em São Paulo - Rivaldo Gomes - 21.jan.16/Folhapress

Depois de queda expressiva, quando passaram de 1.128, em 2015, para 885, em 2017, as mortes registradas no trânsito da cidade de São Paulo pararam de diminuir. Em 2018 verificou-se apenas uma vítima a menos do que no ano anterior.

As reduções podem ser atribuídas em parte a efeitos da crise econômica, que restringe a quantidade de veículos em circulação, mas não resta dúvida de que políticas públicas implementadas a partir de 2015 tiveram papel relevante na melhoria dos índices.

Na opinião de especialistas, entretanto, medidas como o rebaixamento do limite de velocidade estariam chegando à saturação. 

Cabe registrar, de todo modo, que os números paulistanos são piores do que os colhidos no estado como um todo, que observou queda de 3,5% nos óbitos (incluindo no cálculo os dados da capital). 

Isso num contexto em que a gestão municipal elevou a velocidade permitida nas marginais e fez reverberar o slogan “acelera São Paulo”, marca de João Doria (PSDB), ex-prefeito e atual governador.

Pedestres e ocupantes de motos são as principais vítimas, respondendo por 42% e 41% dos casos.

Salta aos olhos, quanto às motos, o aumento de 18% das mortes, de 2017 para 2018. Basta circular por São Paulo para atestar a frequência com que motociclistas burlam regras de trânsito, ameaçando a própria vida e a dos demais cidadãos. E a situação deve se agravar com o aumento de serviços de entrega acionados por aplicativos. 

Parece claro que, além de adotar programas específicos para proteger pedestres, prejudicados pela precariedade das calçadas e pela insuficiência de semáforos e faixas, é indispensável concentrar esforços para disciplinar o uso de motos.

O problema alcança o país inteiro. A proliferação das motocicletas, meio de transporte individual muito mais barato do que o carro, vem se refletindo nos índices de mortes e nos custos da área de saúde e assistência social. Em 2004, essa modalidade provocava 23% dos óbitos no Brasil; em 2015, 39%.

A situação despertou a preocupação do governo federal, que lançou no ano passado o Pnatrans (Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito), com metas anuais para todos os estados. 

Em São Paulo, o objetivo municipal é ter em 2020 o índice de 6 mortes por cem mil habitantes —atualmente está em 7,26. Para comparação, em Nova York a taxa é de 2,3 mortes por cem mil. Ainda falta muito para a cidade mais rica do Brasil ter um trânsito civilizado, e não se vê a prefeitura especialmente mobilizada nessa direção.

editoriais@grupofolha.com.br

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