Depois de queda expressiva, quando passaram de 1.128, em 2015, para 885, em 2017, as mortes registradas no trânsito da cidade de São Paulo pararam de diminuir. Em 2018 verificou-se apenas uma vítima a menos do que no ano anterior.
As reduções podem ser atribuídas em parte a efeitos da crise econômica, que restringe a quantidade de veículos em circulação, mas não resta dúvida de que políticas públicas implementadas a partir de 2015 tiveram papel relevante na melhoria dos índices.
Na opinião de especialistas, entretanto, medidas como o rebaixamento do limite de velocidade estariam chegando à saturação.
Cabe registrar, de todo modo, que os números paulistanos são piores do que os colhidos no estado como um todo, que observou queda de 3,5% nos óbitos (incluindo no cálculo os dados da capital).
Isso num contexto em que a gestão municipal elevou a velocidade permitida nas marginais e fez reverberar o slogan “acelera São Paulo”, marca de João Doria (PSDB), ex-prefeito e atual governador.
Pedestres e ocupantes de motos são as principais vítimas, respondendo por 42% e 41% dos casos.
Salta aos olhos, quanto às motos, o aumento de 18% das mortes, de 2017 para 2018. Basta circular por São Paulo para atestar a frequência com que motociclistas burlam regras de trânsito, ameaçando a própria vida e a dos demais cidadãos. E a situação deve se agravar com o aumento de serviços de entrega acionados por aplicativos.
Parece claro que, além de adotar programas específicos para proteger pedestres, prejudicados pela precariedade das calçadas e pela insuficiência de semáforos e faixas, é indispensável concentrar esforços para disciplinar o uso de motos.
O problema alcança o país inteiro. A proliferação das motocicletas, meio de transporte individual muito mais barato do que o carro, vem se refletindo nos índices de mortes e nos custos da área de saúde e assistência social. Em 2004, essa modalidade provocava 23% dos óbitos no Brasil; em 2015, 39%.
A situação despertou a preocupação do governo federal, que lançou no ano passado o Pnatrans (Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito), com metas anuais para todos os estados.
Em São Paulo, o objetivo municipal é ter em 2020 o índice de 6 mortes por cem mil habitantes —atualmente está em 7,26. Para comparação, em Nova York a taxa é de 2,3 mortes por cem mil. Ainda falta muito para a cidade mais rica do Brasil ter um trânsito civilizado, e não se vê a prefeitura especialmente mobilizada nessa direção.
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