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Fabio Lepique

#Renovação

Novos quadros políticos nem sempre são aceitos

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Fabio Lepique, em votação do diretório do PSDB em 2015 - Bruno Poletti - 29.mai.15/Folhapress
Fabio Lepique

A renovação política é uma das premissas da democracia. É salutar que tanto os quadros partidários quanto os governantes se alternem no poder, dando espaço a ideias novas e práticas renovadoras.

Ocorre que isso nem sempre é aceito. Neste sentido, pessoas que deveriam apoiar aquelas que as sucederam muitas vezes passam a atacá-las simplesmente porque se sentiram preteridas. E esta foi exatamente a motivação por trás do artigo publicado na quinta-feira (10) nesta Folha, de autoria do ex-ministro e ex-secretário Andrea Matarazzo.

Para quem não se lembra, Matarazzo perdeu as prévias dentro do PSDB, em 2016, que definiram João Doria como candidato a prefeito de São Paulo. Em vez de aceitar as regras do jogo, o que ele fez: saiu do partido e mudou para outra sigla, para ser candidato a vice-prefeito na chapa de Marta Suplicy.

Ao aceitar essa posição, Matarazzo automaticamente endossou a administração feita por Marta Suplicy entre os anos de 2001 a 2004. Administração esta que deixou uma dívida para seu sucessor de R$ 1,4 bilhão. Isso sem contar o débito com a União de cerca de R$ 27 bilhões, segundo dados do Sistema de Execução Orçamentária.

A dificuldade em aceitar o novo faz com que Matarazzo não enxergue avanços notórios do atual governo municipal e conteste a gestão do antigo correligionário Bruno Covas. Para citar apenas alguns deles, lembro por exemplo da implantação do Sistema de Gerenciamento da Zeladoria (SGZ), que monitora em tempo real a execução de serviços, minimizando custos e diminuindo o prazo nos atendimentos. Ou o Asfalto Novo, um dos maiores programas de recapeamento de vias da cidade, que inovou ao utilizar recursos do Fundo de Multas.

Na área da educação, chegamos à menor fila por uma vaga em creche da série histórica. Partindo da visão de que a pior obra é a parada, Covas retomou ainda as construções dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), que estavam paralisadas pela gestão petista de Fernando Haddad. Na saúde, fez o mesmo com o Hospital de Parelheiros, reivindicação antiga dos moradores do extremo sul da cidade, que agora já contam com um serviço digno.

Bruno Covas, em apenas oito meses de sua gestão, já mostrou a que veio e que não é homem de se recolher, principalmente nas crises. Ele tem o firme compromisso com a justiça social e o desenvolvimento da cidade. Mas não é isso que está por trás do artigo de Matarazzo. 

Muito mais do que discutir o tempo de mandato ou o estilo de governar, ali está estampada a dificuldade em aceitar o novo. Exatamente como já aconteceu no passado quando, por exemplo, Geraldo Alckmin despontou como uma nova liderança no partido, ou quando Doria surgiu na disputa à prefeitura. Foram igualmente bombardeados pelo mesmo grupo. Eu estava lá em ambos os casos e testemunhei tudo.

A história se repete uma vez mais, sem que se lembre da célebre frase cunhada por Belchior. Aquela que diz: "Mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem".

Fabio Lepique

Secretário-executivo do prefeito Bruno Covas; ex-secretário-adjunto de Prefeituras Regionais (2017, gestões Doria/Covas), ex-secretário particular e assessor especial do então governador Geraldo Alckmin (2011-2013)

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