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Estresse laboral

Subnotificação indica falta de espaço para reconhecer elo entre doença e ambiente de trabalho

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Uso intensivo de tecnologia e o aumento da produtividade trazem consigo tensões
Uso intensivo de tecnologia e o aumento da produtividade trazem consigo tensões - Fotolia

Distúrbios mentais e psicológicos, como depressão, ansiedade e estresse, são fenômenos complexos ainda cercados de tabus no mundo corporativo, embora sabidamente causadores de absenteísmo. A tendência a desviar os olhos e atribuir essas formas de sofrimento a problemas pessoais, porém, não tem o poder de fazê-las desaparecer.

O uso intensivo de tecnologia e o aumento da produtividade trazem consigo várias tensões. Não surpreende, assim, que reações ao estresse grave já ocupem a 13ª posição entre enfermidades que originam a concessão de auxílio-doença acidentário (dados de 2016), como assinalou reportagem desta Folha no domingo (3).

Foram mais de 11 mil casos de afastamento. Bem menos que os recordistas 92 mil ferimentos e fraturas de punho e mão, mas ainda assim um número significativo.

É bem possível, ademais, que se trate de uma cifra subdimensionada. Além do eventual preconceito com o que muitos ainda consideram uma fraqueza de caráter, a relação causal entre a doença e condições ou ambiente de trabalho se mostra mais difícil de estabelecer.

Um indicativo de que não há muito espaço nas empresas para reconhecer o elo está na subnotificação.

Sempre que um funcionário fica doente em consequência de sua atividade profissional, o empregador deveria preencher e registrar uma comunicação de acidente de trabalho (CAT). Isso deixa de ocorrer, na média, em 18% das licenças concedidas pelo governo, pois esse documento não é obrigatório para aprovar o auxílio-doença.

Quando se nota o que acontece com doenças mentais e distúrbios da psique, o percentual da ausência de comunicação sobe muito. No caso do afastamento por estresse, são 23%; crises de ansiedade, 62%; episódios depressivos, 76%; depressão recorrente, 83%.

Evidente que se misturam, nessas situações em que empregados perdem a condição mental de seguir trabalhando, transtornos diretamente relacionados ao ambiente laboral com outros ocasionados fora dele —dificuldades familiares, endividamento, relações afetivas.

Observa-se, por outro lado, melhora no reconhecimento da etiologia dos males no seio das empresas.

A evolução se manifesta tanto no aumento paulatino das notificações de transtornos mentais por meio da CAT, observado entre 2007 e 2016, quanto na oferta de meios de auxílio pessoal, como massagens, exercícios e assistência psicológica no local de trabalho.

Prevenir é melhor que remediar. Para isso, entretanto, cumpre antes admitir que problemas existem.

editoriais@grupofolha.com.br

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