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Palavra em xeque

Áudios confrontam versão de Bolsonaro de que não falara com Bebianno

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O presidente Jair Bolsonaro participa da posse do deputado federal Alceu Moreira como presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agricultura), no Clube Naval em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro participa da posse do deputado federal Alceu Moreira como presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agricultura), no Clube Naval em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Talvez nem os mais tenazes adversários de Jair Bolsonaro pudessem imaginar que o novo governo fosse alimentar de modo tão imprevidente uma crise política com as dimensões da que se instaurou em Brasília —desde que esta Folha revelou os esquemas de candidaturas de fachada do PSL na campanha.

É verdade que o amadorismo e a falta de comedimento que caracterizam parte expressiva da equipe de primeiro escalão não inspiravam prognósticos otimistas.

Entretanto o que se viu nos últimos dias —e agora, com a divulgação de mensagens de áudio trocadas entre Bolsonaro e o ex-ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno— chegou ao ponto de pôr em xeque a palavra do presidente.

A crônica dos acontecimentos que levaram à demissão de Bebianno já era por si constrangedora, além de perigosa naquilo que expunha de promiscuidade entre um membro da família do mandatário e os afazeres do Planalto.

Foi de fato desastrosa para a imagem do governo a maneira como Carlos Bolsonaro, vereador carioca pelo PSC e filho do presidente, apressou-se a trombetear pela internet, com o posterior endosso paterno, o que teria sido uma declaração mentirosa do ex-ministro.

Este dissera ter conversado três vezes com o chefe do Executivo, que ainda convalescia de cirurgia no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Com a divulgação dos áudios pela revista Veja, a intervenção do rebento tornou-se mais extravagante, uma vez que Bebianno e Bolsonaro realmente trocaram mensagens naquela terça-feira, dia 12.

Entre elas, uma tratava da candidata a deputada federal que, em Pernambuco, recebeu R$ 400 mil de fundos públicos, mas teve somente 274 votos. O capitão —como é tratado pelo ex-subordinado— diz não querer essa “batata quente” em seu colo e que a Polícia Federal investigaria o caso.

O vazamento revela outras manifestações lamentáveis do presidente, como aquela em que reafirma sua visão precária da função da imprensa ao tratar o Grupo Globo como seu inimigo.

Enquanto a crise ganha mais combustível com o aparente ânimo revanchista de Bebianno, questões fundamentais permanecem sem resposta. É o caso da situação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, beneficiário, tudo indica, do esquema de candidaturas de fachada do PSL em Minas Gerais, onde presidia a sigla.

A crer que o uso de laranjas na eleição tenha sido fator decisivo na exoneração de Bebianno, não há o que possa explicar a preservação de Álvaro Antônio no cargo.

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