Descrição de chapéu

Cabide terceirizado

Secretaria de Habitação paulistana utiliza empresas para acomodar aliados

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Aloisio Pinheiro, secretário municipal de Habitação, no centro paulistano
Aloisio Pinheiro, secretário municipal de Habitação, no centro paulistano - Divulgação/Prefeitura de São Paulo

Parece ilimitada a imaginação criativa do mundo político-administrativo do país quando se trata de arquitetar estratagemas para beneficiar autoridades e apaniguados.

Não são apenas as tramas mirabolantes e bilionárias de desvios, como as que se tornaram públicas com a Operação Lava Jato; vicejam também maquinações menos espetaculares, embora também perniciosas no que representam de burla aos fins do serviço público.

Um desses casos prospera na Secretaria de Habitação da prefeitura paulistana. A repartição, como revelou esta Folha, utiliza empresas que mantêm contratos com o município para acomodar aliados, amigos e parentes de dirigentes políticos e servidores. 

Não se destaca aqui apenas o abuso rotineiro de destinar cargos comissionados para simpatizantes da sigla contemplada no loteamento. Criou-se na pasta, chefiada por Aloisio Pinheiro (PRB), ligado à Igreja Universal, uma espécie de cabide de empregos terceirizado.

São as empresas contratadas para obras e assessorias técnicas que acolhem, numa folha de pagamento paralela, membros do partido, fiéis da igreja e parentes indicados.

Pinheiro, que era adjunto, chegou ao comando da secretaria neste ano, na gestão de Bruno Covas (PSDB). O prefeito, que assumiu em substituição a João Doria (PSDB), eleito governador, loteou o órgão —cujo Orçamento se aproxima dos R$ 500 milhões anuais— para o PRB, com o intuito de ganhar apoio da bancada religiosa. 

Por meio da Lei de Acesso à Informação, a reportagem encontrou casos como o da irmã do presidente estadual da sigla, o pastor da Universal Sérgio Fontellas, que foi empregada pela empresa Gomes Lourenço para atuar em obras voltadas para áreas de mananciais.

Também outras duas fiéis da igreja, Luciana Cereser e Natália Garbini, passaram a trabalhar para a Simétrica, outra firma que presta serviços à secretaria. Os exemplos são muitos e indicam que motivações técnicas e interesse público foram relegados a segundo plano.

Embora tenha considerado que ​a responsabilidade é das empresas prestadoras, Bruno Covas disse nesta quinta (28) que pedirá à Controladoria Geral do Município (CGM) uma apuração sobre o caso. Menos mal, desde que não se trate de mera formalidade.

editoriais@grupofolha.com.br

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