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Derrotas de May

Primeira-ministra britânica entrou em terreno incógnito e paradoxal após ter seu plano de saída negociada da União Europeia rejeitado pela segunda fez

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Com a derrota sofrida na terça-feira (12), a primeira-ministra britânica, Theresa May, entrou em terreno incógnito e paradoxal. Pela segunda vez em dois meses, o Parlamento rejeitou —e por ampla margem de votos— seu plano de saída negociada da União Europeia.

Num regime parlamentarista como o do Reino Unido, isso seria mais do que suficiente para destroná-la. Como ninguém quer estar na sua pele, entretanto, ela segue no comando, ainda que extremamente fragilizada.

A tornar o fracasso de May ainda mais amargo, o principal foco de resistência às condições para a retirada esteve nas fileiras de seu próprio Partido Conservador.

A primeira-ministra britânica, Theresa May
A primeira-ministra britânica, Theresa May - Han Yan/Xinhua

A linha-dura dos “brexiters” não admite nem por hipótese que o Reino Unido fique amarrado a uma união aduaneira com a UE para além de 2020, e o acordo negociado com os europeus não assegura que isso não ocorrerá, como teve de admitir Geoffrey Cox, o procurador-geral e fiel aliado de May.

A esperança da premiê, ao submeter à Câmara baixa pela segunda vez praticamente o mesmo acordo, era que os parlamentares fossem convencidos pela urgência. Pelas regras europeias, o país tem até o próximo dia 29 para deixar o bloco.

Fazê-lo sem um acordo é flertar com a anomia econômica. Os legisladores não se deixaram levar pela pressão, no entanto.

May sofreu mais uma pequena derrota na quarta, quando o Parlamento decidiu bloquear um brexit sem acordo em qualquer circunstância. A premiê desejava que tal regra valesse apenas pelos próximos dias, para dispor de um trunfo nas negociações com a UE.

Tudo o que ela conseguiu foi uma autorização, nesta quinta (14), para pedir ao bloco europeu um adiamento da data de saída —o que dependerá da concordância em uma cúpula marcada para os dias 21 e 22, em Bruxelas.

Mesmo se a postergação se mostrar bem-sucedida, contudo, o impasse em relação ao acordo de saída permanecerá rigorosamente inalterado. Não há nenhuma razão para acreditar que May vá conseguir reabrir as negociações com a UE e obter concessões que satisfaçam a linha-dura de seu partido.

Ao contrário, a Europa tem todos os motivos para tratar o Reino Unido com rigor e até alguma crueldade, para desencorajar outros membros a abandonar o bloco.

Assim, mesmo que a primeira-ministra sobreviva no cargo pelas próximas semanas, a crise continuará.

Movimentos com maior potencial para alterar o statu quo incluem a antecipação das eleições ou mesmo cenários em que a Escócia ou a Irlanda do Norte deixem o Reino Unido para se juntar à UE.

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