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Desacelera, São Paulo

Covas e Doria errarão se renovarem o incentivo ao transporte individual quando São Paulo precisa é de um freio nessa preferência irracional

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Ao apresentarem seu projeto de concessão das avenidas marginais dos rios Pinheiros e Tietê, o ex-prefeito e governador João Doria e o atual prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB, deixaram em aberto questões fundamentais.

Eles descartaram a cobrança de pedágio nessas vias e, de forma paradoxal, escusam-se de indicar a fonte dos R$ 3 bilhões —no prazo de três décadas— para as melhorias que se exigiriam das empresas concessionárias. Cogita-se destinar-lhes verbas de fundos estaduais ou angariadas com publicidade, mas não há plano definido.

Em tempos de orçamentos depauperados, a falta de clareza sobre a origem de verbas e o foco nas  marginais deixam no ar a suspeita de que pode prosseguir a baixa prioridade à malha de metrô e aos corredores estruturados de ônibus, com áreas para ultrapassagem e pagamento antes do embarque.

Vista aérea da região da Avenida Tiradentes, em São Paulo
Vista aérea da região da Avenida Tiradentes, em São Paulo - Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress

Mais do que investimentos para o deslocamento individual, em automóveis, a capital e os 38 municípios que a circundam precisam de melhores transportes coletivos.

Há muito os especialistas prescrevem tais alternativas como solução para reduzir as muitas horas que habitantes da megalópole desperdiçam nos congestionamentos.

Ainda assim, governantes tucanos continuam a propor estratégias vagas para tentar fazer fluir o trânsito, coisa que muito se assemelha a enxugar gelo.

Os efeitos de obras como a ampliação das pistas da marginal Tietê, no governo José Serra, se esvaem rapidamente sem contribuir para melhorar no longo prazo o cotidiano da maioria dos cidadãos.

Em quatro décadas, mais da metade delas com o PSDB no comando do estado, a rede do metrô avançou em marcha lenta, a 2 km/ano.

Na capital, desde que os corredores começaram a ser implantados, nos anos 1980, não se observou um ritmo muito melhor (3 km/ano) —embora os custos de implantação de uma faixa exclusiva eficiente, como BRT, sejam muito inferiores aos de um trem subterrâneo. 

Covas e Doria errarão se renovarem o incentivo ao transporte individual, por carro, dado que a mais rica cidade do país precisa é de um freio nessa preferência irracional.

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