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Impropriedades e suspeitas sobre a CBF alimentam histórico de desvios que não são exclusividade do desporto nacional

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Com mais de um mês de antecedência, esta Folha apontou o nome da vencedora de concorrência promovida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com vistas à exploração de placas de publicidade no Campeonato Brasileiro.

Segundo informações obtidas pela reportagem, a vencedora —a empresa Sport Promotion— já estava definida antes que as demais competidoras tivessem apresentado suas ofertas. Entretanto a CBF, a Sport Promotion e a Ernst & Young, que auditou o processo, negam qualquer irregularidade.

Folha antecipou vencedor de licitação da CBF
Folha antecipou vencedor de licitação da CBF - Ricardo Borges/Folhapress

A contemplada mantém vínculos comerciais com a confederação há cerca de 30 anos e detém, entre outros, os direitos de transmissão e de exploração de publicidade das Séries B, C e D do Brasileiro.

 

São longas também as relações com o dirigente Marco Polo Del Nero, que assumiu o comando da entidade em 2015 e foi banido do esporte dois anos depois por violar normas do Código de Ética da Fifa, o órgão máximo da modalidade.

Antes de assumir a presidência, Del Nero tornou-se, em 2012, vice de José Maria Marin, condenado por corrupção pela Justiça norte-americana. A partir daquele ano, a Sport Promotion obteve receitas milionárias com estatais federais. 

Em 2013, a empresa firmou contrato de R$ 50 milhões com a Caixa Econômica Federal para explorar publicidade do campeonato feminino ao longo de cinco anos.

Já no final de 2014, ainda no governo Dilma Rousseff (PT), negociou R$ 26 milhões com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para a transmissão de certames nacionais de divisões inferiores.

O entendimento com a Caixa contou com a presença da CBF, que anunciou a parceria intermediada pela Sport Promotion numa cerimônia com a presença do então ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

O episódio despertou questionamentos do Tribunal de Contas da União, que considerou anômalo o fato de a confederação ter preferido terceirizar o contrato a lucrar diretamente com a operação.

O estratagema repetia antiga prática da entidade, que procura evitar laços diretos com o setor público, justamente para esquivar-se de investidas de órgãos de controle. 

As impropriedades apontadas alimentam um histórico de desvios que não são exclusividade do desporto nacional. Escândalos envolvendo dirigentes internacionais futebolísticos e olímpicos internacionais vieram à luz nos últimos anos e pressionaram as entidades a pelo menos demonstrar mais interesse em exercer controles.

Lamentavelmente, a situação ainda está longe do que seria desejável.

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