As chuvas copiosas que se abateram sobre a Grande São Paulo a partir da noite de domingo (10) resultaram em mais uma tragédia na região metropolitana.
Até o início da noite de terça, na capital e em cinco cidades vizinhas, 13 pessoas haviam morrido em decorrência do fenômeno, incluindo uma criança e um bebê. Locais como São Bernardo do Campo e Santo André tiveram precipitação próxima do esperado para todo o mês.
O volume descomunal de água provocou ainda a queda de quase uma centena de árvores, dezenas de deslizamentos, prejuízo milionário ao comércio e transtorno incalculável aos moradores.
Faz apenas três anos, a Grande São Paulo enfrentou episódio semelhante —quando chuvas torrenciais deixaram 17 mortos. Ao contrário do que seria de esperar, entretanto, a tragédia de 2016 não levou as autoridades a agir de forma decidida no sentido de evitar que a situação se repetisse.
Desde então, conforme reportagem desta Folha, os gastos com prevenção a enchentes e obras de drenagem na capital e no estado de São Paulo não atingiram nem a metade dos R$ 5,3 bilhões previstos.
Tal desempenho, observe-se, é encontradiço entre os investimentos do setor público em geral, dado que essa modalidade de despesa é usualmente sacrificada nos momentos de crise orçamentária.
Fato é que piscinões deixaram de ser construídos, córregos não foram canalizados nem sistemas de drenagem instalados —trata-se de melhorias que poderiam ter mitigado a calamidade. Uma das áreas mais atingidas na capital, o bairro do Ipiranga, aguarda a entrega de dois piscinões que deveriam estar prontos em março de 2017.
O governo paulista, tucano, reclama da gestão federal, e a prefeitura da capital, também do PSDB, responsabiliza os antecessores petistas. As deficiências, é notório, atravessam administrações.
A incúria do passado, porém, não justifica a inação do presente —sobretudo diante de um cenário que tende a se agravar. Ao menos um estudo aponta que tem aumentado tanto o volume de água como a quantidade média de dias em que chove no estado. As autoridades não podem alegar surpresa; cumpre evitar a próxima tragédia.
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