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Marcos Moliterno

Resgatar a engenharia

Falta de uma política de gestão da manutenção resulta em colapsos em São Paulo

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Ponte que liga marginal Tietê à rodovia Dutra interditada por questão de segurança
Ponte que liga marginal Tietê à rodovia Dutra interditada por questão de segurança - TV Globo/Reprodução
Marcos Moliterno

São Paulo é uma cidade fantástica, e com seus 465 anos é jovem perto das cidades do Velho Mundo, mas o olhar aguçado percebe sinais de decadência por conta da ausência da engenharia.

Temos uma cidade cujos números são impressionantes: população estimada pelo IBGE para o corrente ano superior a 12 milhões de habitantes; PIB/capita em torno de R$ 58 mil, o que faz dela uma das dez cidades mais ricas do mundo, com a participação no PIB brasileiro de 12%. Uma cidade que se credencia a atrair investimentos para si e para além de suas fronteiras, beneficiando todo o Brasil. Isso traz orgulho ao povo de São Paulo.

Porém, mesmo em uma cidade com tais credenciais, verifica-se a falta de aplicação das melhores práticas da engenharia, tendo relegado a manutenção de suas instalações e equipamentos públicos nas últimas décadas a cargo de profissionais sem a devida formação técnica. Como tudo na vida, o envelhecimento sem atenção leva ao colapso. É o que tem afetado a maior cidade do país.

A ausência de uma política municipal de gestão da manutenção tem levado ao colapso vários equipamentos e sistemas viários importantes.

O Instituto de Engenharia debate constantemente a questão da falta de gestão na manutenção dos equipamentos públicos, para que se proteja a vida e se propicie conforto aos cidadãos. Entre eles, os sistemas de captação e distribuição de água tratada, os sistemas de coleta e tratamento de esgotos sanitários, vias públicas e rodovias ao redor, pontes, viadutos, redes de distribuição de energia elétrica aérea e de dutos enterrados de gás, redes de telecomunicações, sanidade dos rios e córregos, segurança de edificações públicas e privadas, mobilidade urbana intermodal, enfim, tudo que é necessário para a dinâmica econômica e social nas cidades.

No entanto, aparentemente, a sociedade brasileira esqueceu-se de onde nasce todo esse conforto e segurança. Assim, a cada caso de abandono de estruturas —barragens, pontes, viadutos e edifícios—, vemos renovar a centenária missão do Instituto de Engenharia em promover o desenvolvimento e a qualidade de vida da sociedade por meio da defesa do interesse público e do desenvolvimento científico e tecnológico do país.

Só há um caminho para o Brasil trilhar em favor da segurança e da qualidade de vida dos brasileiros: resgatar a engenharia.

Marcos Moliterno

Vice-presidente do Instituto de Engenharia, engenheiro civil e mestre em tecnologia ambiental pelo IPT

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